Nas democracias é absolutamente natural que ao longo de uma ou mais gestões a popularidade de um político sofra oscilações. Nenhum líder é capaz de agradar a todos, o tempo todo. Em sociedades globalizadas, governos com boas práticas republicanas invariavelmente precisam recorrer, ao menos temporariamente, a medidas impopulares. Portanto, avaliam os políticos mais veteranos, seja para o bem ou para mal, a popularidade é um índice sujeito a mudanças. E isso vale para as democracias de diversas maturidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Barack Obama contava com 30% de aprovação em outubro do ano passado. No começo de 2015, o índice dos que apóiam seu governo saltou para 48%. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner, segundo as pesquisas mais recentes, também começa a ganhar fôlego popular. No Brasil, porém, o quadro de baixíssima popularidade da presidente Dilma Rousseff sugere outras explicações e parece ser irreversível.

Por aqui, a popularidade de Dilma encontra-se em pífios 10%, mostram pesquisas realizadas nas duas últimas semanas. Número tão desprezível poderia, à primeira vista, se creditar às amargas medidas de um necessário ajuste fiscal. Mas não se trata apenas disso. O que se constata é que também despencou a simpatia dos eleitores com o PT e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o criador de Dilma e, até há cerca de seis meses, considerado um mito por boa parte dos brasileiros. Lula, PT e Dilma vêm perdendo apoio popular sistematicamente. E a queda da aprovação não se dá por causa de um pacote de medidas impopulares. O problema é que depois do Mensalão, do Petrolão e das mentiras perpetradas durante uma acirrada disputa eleitoral, Lula, Dilma e o PT perderam a credibilidade. Dizem os analistas que popularidade pode ser recuperada, credibilidade nem sempre!

Isoladamente, a crise econômica também não explica a queda do mito Lula e baixa popularidade de Dilma. Na terra da mandioca, como diz a presidente, a corrupção foi desnudada e com ela veio à tona a existência de um enorme e condenável aparelhamento que potencializou os péssimos serviços prestados por um estado que historicamente cobra muito e entrega muito pouco.

No campo político, o descrédito da presidente é notório. No jogo de toma lá da cá com o Congresso, ela perdeu o apoio ao não dar a atenção devida aos parlamentares e a credibilidade ao não cumprir no tempo desejado os compromissos fisiológicos assumidos com os aliados. Sem crédito, o Congresso passou a ser o palco de guerras diárias e sucessivas derrotas anunciadas. Entre os eleitores, a presidente se tornou mentirosa ao dar início ao segundo mandato fazendo exatamente tudo o que, durante a campanha, disse que não faria. Uma presidente que não tem a confiança do eleitor e não consegue angariar apoio político no parlamento dificilmente terá condições de levar a termo as medidas impopulares necessárias para tirar o País do atoleiro. E sem tirar o País do atoleiro não há como reverter índices de popularidade.