Desde o primeiro disco, de 1997, em que aparecia na capa com os cabelos cheios de pitós – aqueles cachinhos diligentemente amarrados com laços –, a cantora maranhense Rita Ribeiro começou a agitar a noite paulistana com a energia contagiante de uma forrózeira arretada. Em seu terceiro trabalho, Comigo, Rita aparece ruiva, “mutante e tropicalista”, o que pode gerar confusões com a xará beatlemaníaca. Além de largar de vez a imagem de musa do “forró universitário”, se firma como uma grande intérprete da nova geração.

Ela, que sempre entrou em estúdio com uma banda e um repertório, exigências de quem vive na estrada, pela primeira vez pôde inverter esse processo e montar um disco quase autoral. O repertório garimpado por Rita é irrepreensível e a cantora soube encontrar o sentimento e o timbre perfeitos para cada uma das músicas escolhidas. Sejam elas o reggae amalucado A riqueza, de Santa Cruz, ou a balançada O conforto dos teus braços, de João Linhares; as baladas nostálgicas Românticos, de Vander Lee, e Comigo, de Zeca Baleiro, ou os hits instantâneos Essa dona, da dupla Mano Borges e Alê Muniz, e Nego Forro, de Chico César. Rita ainda se dá ao luxo de arrematar o disco com Caramba!… Galileu da Galiléia, de Jorge Ben, e Moça bonita, sucesso de Ângela Maria composto pela dupla romântica Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Um arraso.