O juiz da 37ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Geraldo Prado, resolveu suspender o processo que investiga seis dirigentes da Federação de Futebol do Rio de Janeiro por evasão de renda no Maracanã. A decisão foi motivada pela reportagem de ISTOÉ, publicada na edição 1847, que revela o conteúdo da conversa em que Francisco Vasconcelos, conhecido como Chicão, pai do promotor do Ministério Público estadual Alexandre Vasconcelos, pede propina a um dos acusados. O diálogo foi gravado em vídeo pelo vice-presidente afastado da Federação, Francisco Aguiar, um dos réus. Chicão, que até o ano passado era diretor do Fluminense, garantiu a Aguiar que agia em nome do filho e exigiu R$ 200 mil para ajudá-lo a melhorar sua situação no processo. O juiz reconheceu que há indícios de fatos graves que, se forem comprovados, podem fazer com que o processo contra os diretores da Federação seja anulado. Logo depois da publicação da reportagem, Alexandre pediu afastamento de suas funções e abriu mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Além disso, a verborragia de Chicão teve outra consequência. Em um dos trechos da fita, ele disse que foi o responsável por fazer com que Nilson Mattos, também dirigente da Federação, constasse apenas como testemunha. Isso motivou o advogado de Aguiar, Mario Cury Filho, a iniciar ação em que acusa de prevaricação o delegado responsável pelo caso, Ricardo Codeceira, que teria cedido à pressão de Chicão. “Meu trabalho foi feito com transparência, dentro da legalidade, e os próprios indiciados sabem disso. Nilson Mattos não foi indiciado, mas fiz o pedido de novas investigações”, defende-se Codeceira. “As afirmações desse senhor (Chicão) são improcedentes, absurdas e irresponsáveis.” Na mesma ação, o advogado também acusa de prevaricação a promotora Marcia Velasco, que assinou a ação que pede o afastamento dos diretores da Federação. Na conversa gravada, Chicão afirma que quem realmente escreve as ações daquele caso é seu filho e que a promotora “só assina”. O juiz Geraldo Prado intimou Marcia Velasco a prestar esclarecimentos.