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Responda rápido: você atravessaria uma pinguela construída por alguém chamado Bin Laden? Outra: você atravessaria uma ponte unindo dois continentes? Terceira e última pergunta: você atravessaria uma ponte que une dois continentes, construída pelo tal de Bin Laden? Pois bem: o Bin Laden em questão não é o Osama que num atentado terrorista enfiou dois aviões no World Trade Center em Nova York, mas é o seu meioirmão. Chama-se Tareq Mohammed Bin Laden, é incalculavelmente rico e dono de um poderoso conglomerado de empresas. Na semana passada foi tornada pública a planta de uma ponte que ligará a Ásia à África, já chamada de "a ponte do século". E quem responde pelo projeto é Tareq. Deve estar no DNA da família a mania de causar impacto. Enquanto a metade Osama detona pontes, a metade Tareq as edifica – tanto melhor para o mundo. E não lhe falta cacife para isso: ele é o principal acionista do grupo Saudi Bin Laden, a mais importante holding da Arábia Saudita, controlando imobiliárias, construtoras, editoras e empresas de telecomunicações. Desembolsando para a primeira fase do projeto cerca de US$ 50 milhões, Tareq conseguiu a aprovação dos líderes políticos do Yemen, na Arábia Saudita, e de Djibuti, na África. O megaprojeto tornará mais fácil a comercialização entre os dois países e dará a Djibuti (uma das nações mais pobres do mundo) a chance de crescer com o fôlego econômico dos árabes – ou seja, regado a muito petróleo.

Com um grupo de engenheiros de competência internacionalmente reconhecida, a equipe de Tareq desenvolve uma maquete para encontrar a estrutura ideal que suporte terremotos e fortes temporais – e, ironia do destino, suporte também atentados terroristas. O resultado final será uma ponte pênsil com dois mil metros de vão formada por piso treliçado, técnica que permite a passagem de fortes ventos eliminando o risco de desabamento. Para agüentar eventuais tremores de terra, os engenheiros colocarão, ao longo de seus 28 quilômetros de extensão, torres de aço com 300 metros de altura e 90 metros de diâmetro cravadas no solo do oceano – leia-se a 200 metros de profundidade e preenchidas com água e concreto. Para evitar que areia e pedregulhos trazidos pelas fortes correntes marítimas desgastem essas torres, será usada uma espécie de filtro de aço para encapar a parte submersa.

O que mais impressiona em pontes suspensas como essa é a superação das dificuldades de montá-la no mar. Serão nove anos de vaivém de centenas de helicópteros transportando cabos que serão meticulosamente interligados. A "ponte do século" terá uma estrada para automóveis, uma ferrovia e, em cada um de seus cabos, 127 fios de aço se entrelaçarão para garantir alta resistência à tração. A nova ponte irá permitir também a travessia diária de 100 mil veículos e estima-se que o orçamento final baterá na casa dos US$ 10 bilhões – uma ninharia para o meioirmão Tareq Mohammed Bin Laden, um dos homens mais poderosos do mundo, que detesta dar a cara a fotos mas adora megaprojetos que mudarão a decoração do mundo.

A RAINHA DO JAPÃO
Inaugurada em 8 de abril de 1998, a Akashi-Kaikyo é a maior ponte suspensa do mundo. Liga a ilha japonesa de Awaji à cidade Kobe, com 3.991 m de comprimento. Foi construída para resistir a ventos de 286 km/h, a sismos de 8,5 na escala Richter e a fortes correntes marítimas. As suas torres de sustentação estão 298 m acima do nível do mar. A ponte custou cerca de US$ 5 bilhões.