Ninguém sabe até agora o que a agência de espionagem Kroll fez para ajudar nos trabalhos da CPI do Petrolão. Seja lá o que for, importa saber que a empresa já embolsou R$ 900 mil por sua “consultoria”. O valor é 80% do total do contrato de R$ 1,1 milhão. Membros da comissão parlamentar garantiram à coluna que a empresa não produziu qualquer relatório ou sequer entregou alguma informação relevante. A agenda de investigações da Kroll, aliás, foi tema de debate na CPI na semana passada. O deputado peemedebista Hugo Motta (PB) nunca explicou a contratação dos arapongas. O que dirá do pagamento adiantado?

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Ouro africano
A CPI do Petrolão recebeu da Petrobras, não da Kroll, um arquivo bombástico com documentos internos sobre as operações de venda de ativos na África. Há memorandos, contratos e atas de reuniões sobre negócios avalizados por Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração. A papelada sigilosa é uma “mina de ouro” para a oposição.

Recurso contra Edemar 
MPF e Banco Central recorrem da decisão que anulou a condenação penal de Edemar Cid Ferreira, do extinto Banco Santos. Alegam que a justificativa da defesa, de nulidade sobre o interrogatório de corréus, não invalida outras provas obtidas de forma autônoma contra o banqueiro.

Masoquismo político 
Na Câmara, é difícil encontrar entre os 513 deputados um que defenda o governo Dilma. O único que cumpre essa missão inglória é seu líder, José Guimarães (CE). Ironicamente, é justo Guimarães quem mais sofre nas mãos da presidente, com críticas pesadas e ataques.

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Bolsa “eleitoral”
O uso de um exército de beneficiários do Bolsa Família como cabos eleitorais não foi exclusividade do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. A ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann também lançou mão do expediente na fracassada disputa pelo governo do Paraná.

Luz para ninguém
Enquanto o governo federal corre para erguer novas termolétricas, 12 usinas eólicas e uma hidrelétrica estão prontinhas para uso. À espera, vejam só, da construção de linhas de transmissão e subestações. Ao todo, esses empreendimentos poderiam injetar no sistema mais de 1 mil megawatts.

De olho em 2018
O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) já busca projeção nacional, de olho em 2018. Com uma agenda de debates sobre a maioridade penal, vem travando conversas com diversos líderes partidários. Mas o tucano aposta mesmo no desgaste da relação entre PT e PMDB.
O namoro com os peemedebistas está apenas começando.

A gráfica da gráfica
A gráfica Ultraprint foi a verdadeira responsável pela impressão do material de propaganda encomendado pela campanha de Dilma Rousseff à gráfica VTPB, ao custo de R$ 23 milhões. Se a Ultraprint também prestou serviços diretos à mesma campanha, qual a função de um intermediário?

La garantia Soy Yo
Os empréstimos concedidos pelo BNDES para obras em Cuba, na Venezuela e outros países amigos poderiam ter sido garantidos pela Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A (ABGF). Nunca ouviu falar? Foi criada pelo PT e deveria funcionar como uma seguradora pública para grandes projetos e financiamentos do governo na área de infraestrutura, com cobertura até para riscos “políticos e extraordinários”. Valeria para obras no Brasil também, ajudando a cobrir os empréstimos feitos a Eike Batista e às empreiteiras da Lava-Jato.

Agência de apadrinhados
O problema é que a ABGF não decolou. Com sedes em Brasília e Rio, a agência nasceu com capital social de R$ 50 milhões, mas acumula prejuízos e carrega uma pesada folha de funcionários com mais de 100 cargos comissionados, muitos preenchidos por indicações políticas. Com sorte e muitos ajustes, ainda dá para usá-la no programa de concessões.

Toma lá dá cá

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo

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ISTOÉ – A comissão especial da Câmara aprovou a proposta de redução da maioridade penal, que agora vai a plenário. Como o sr avalia isso?
Cardozo –
Isso está sendo tratado como um debate plebiscitário. Reduzir a maioridade penal, sim ou não. Não é assim! Estamos em uma fase de diálogo, temos que somar forças para combater a violência.

ISTOÉ – É possível aprovar a redução da idade e a elevação do tempo de internação ao mesmo tempo?
Cardozo –
Não, as propostas são incompatíveis. Da parte do governo somos radicalmente contrários a mudar a Constituição para tratar deste assunto.

ISTOÉ – O governo concorda com o projeto do senador José Serra (PSDB)?
Cardozo –
A elevação do tempo de internação de três para dez anos é a melhor alternativa. Não tem efeitos perversos da redução da maioridade e dá os resultados imediatos que a sociedade deseja.

Rápidas

* A publicitária Danielle Cunha, filha do presidente da Câmara, dedica-se informalmente ao monitoramento das redes sociais da Casa. Servidores reclamam que a jovem fiscaliza qualquer postagem crítica ao pai.

* O estilo personalista de Eduardo Cunha tem provocado uma debandada geral de funcionários. Sérgio Sampaio, que dirigia a Câmara havia 12 anos, trocou a direção-geral pela chefia da Casa Civil do DF. Sampaio disse a amigos que Cunha “rasgou” o regimento da Casa.

* Eduardo Cunha não respeita sequer os mortos. Ao ser cientificado da morte de Paes de Andrade, recusou-se a suspender a sessão para as honras de praxe. Disse que quarta-feira não era dia de morrer. Só reconsiderou após intervenção de Danilo Forte e Eunício Oliveira.

* O deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP) pode se afastar da Câmara para assumir a presidência da CBF. Crê que o atual homem forte Marco Del Nero cairá até agosto. Sanchez tem apoio de Lula e espera também o de Dilma. Quem não gosta nada da ideia é o técnico Dunga.

Retrato falado

O pacote de concessões anunciado pela presidente Dilma Rousseff na última semana não foi consenso nem mesmo entre parlamentares do PT. O senador Walter Pinheiro (PT-BA), titular da Comissão de Assuntos Econômicos, criticou o fato de o governo não articular as ações com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

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Canto da sereia
Para compensar o racha na base aliada, o governo assediou os deputados de primeiro mandato. O deputado Carlos Gaguim (PMDB-TO) foi delegado pelo Palácio do Planalto a liderar essa frente que pode reunir até 198 parlamentares novatos. O preço da fidelidade são emendas parlamentares para suas bases eleitorais no início de 2016.

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Títulos podres
O MPF quer saber se o grupo Schahin usava a offshore S&S Finance Services para captar dinheiro frio no mercado para se financiar. A conta foi citada por Pedro Barusco como destino de propina do petrolão. Uma declaração assinada por Pedro Schahin, obtida pela coluna, confirma que o grupo era o real proprietário da empresa de fachada. O banco Schahin, comprado pelo BMG, emitiu em nome da offshore sediada nas Ilhas Virgens mais de US$ 130 milhões em certificados de dívidas.

Colaborarou Josie Jerônimo
Fotos: Beto Barata/Folhapress; WILSON DIAS/Ag. Brasil; Lia de Paula