Curiosa coincidência. Na mesma semana em que os cinemas começam a exibir “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, o quarto blockbuster da saga de Steven Spielberg, cientistas anunciam ter descoberto o que podem ser glóbulos vermelhos e fibras de colágeno em ossos de dinossauro. Ou seja, partículas de sangue dos gigantescos répteis que dominaram o planeta até cerca de 70 milhões de anos atrás, no período Cretáceo. A conexão é inescapável. Será possível criar bebês de proveta dos animais, como no roteiro do primeiro filme da série, Jurassic Park, em que um cientista dá vida aos dinos após achar sangue em um inseto fossilizado? A jornalista especializada em ciência, Sarah Zhang, refuta a idéia, pelo menos nesse momento. “O DNA é muito mais frágil que as proteínas, então não teremos um Jurassic Park na vida real. Ainda.”

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REPRODUÇÃO
Gorgossauro, dino de 9 metros e 3 toneladas: fósseis podem ser dessa espécie

Se a divulgação funcionou como um merchandising extra para a obra fictícia, ela tem grande significado para a ciência. A pesquisa foi feita por uma equipe de cientistas britânicos em oito fósseis de dinossauros que foram encontrados no Canadá há mais de 100 anos e guardados no Museu de História Natural de Londres. Não é a primeira vez que tecido mole é identificado em fósseis, mas estudos acabaram por mostrar, em muitos casos, que as estruturas microscópicas não pertenciam a dinossauros, e nada mais eram do que fungos, por exemplo.

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A grande diferença é que agora os recursos das pesquisas estão mais sofisticados e precisos – como um microscópio cujo feixe de átomos faz cortes de escala nanométrica – e os cientistas, escolados. A paleontóloga Susannah Maidment, uma das autoras da descoberta, disse que eles usaram uma boa “dose de ceticismo” neste trabalho. “O que descobrimos são estruturas que poderiam ser células vermelhas do sangue e também outras que poderiam ser fibras de colágeno originais”, disse o palentólogo Sergio Bertazzo, outro membro da equipe.