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Quando se imaginava que a lista dos horrores cometidos nos campos de extermínio nazistas fossem todos conhecidos, mais uma revelação vem à tona: a prática da escravidão sexual em pelo menos dez campos da Alemanha, Áustria e Polônia – incluindo Auschwitz, Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen. Embora fosse considerada uma atividade “anti-social” pelos nazistas, a prostituição forçada teve início em 1942, a partir de uma idéia do chefe da SS, Heinrich Himmler, como uma forma de premiar (e assim incentivar) os prisioneiros não judeus dos campos. Buscava-se também reduzir o homossexualismo masculino.

 

 

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Recrutadas principalmente do campo de concentração feminino de Ravensbrück, na Alemanha, para onde foi levada a militante comunista alemã Olga Benário, entre 300 e 400 mulheres foram forçadas a se tornar “trabalhadoras sexuais” em bordéis conhecidos como “salas especiais”. A maioria delas era alemã. As lésbicas também estavam na mira: tentava-se, assim, “convertê-las” ao heterossexualismo. Essa triste história está sendo lembrada numa exposição em cartaz justamente no Museu Memorial de Ravensbrück, local onde funcionava uma garagem dos policiais da SS.

Para preservar as prisioneiras e evitar uma postura voyeurista do visitante da mostra, nenhuma imagem delas está sendo divulgada. Entre os 200 documentos expostos estão os cartões de identidade dessas “escravas sexuais”, feitos em papel craft. Eles não trazem nomes nem fotos, apenas números de registro, data de nascimento e a etiqueta “mulher de bordel” escrita ao alto, à margem direita do cartão. A mostra traz também fotos dos quartos usados para a prática sexual – em contraste com o horror reinante, eles eram decorados com móveis rústicos, vasos de flores e toalhas de mesa. Monitores de vídeo exibem depoimentos de homens e mulheres sobreviventes dos campos, falando dos bordéis e suas vítimas. No depoimento de Antonia Bruhn fica-se sabendo que as prisioneiras eram iludidas com a promessa de que seriam libertadas seis meses depois e passavam por um tratamento especial à base de comida fresca, vitaminas e banhos de sol. Podiam também deixar o cabelo crescer. “Elas se enfeitavam e se apresentavam a um grupo de soldados da SS no teatro do campo, para concorrer a uma vaga. Depois eram enviadas para os outros campos. É óbvio que não ganharam a liberdade.”

 

 

 

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As prisioneiras não apenas continuavam confinadas como voltavam com doenças sexualmente transmissíveis e enfraquecidas. Muitas eram obrigadas a cometer aborto, passavam por experimentos médicos e morriam na seqüência. Elas eram obrigadas a manter relações sexuais com oito homens por dia e com mais de 40 nos fins de semana. O sexo só era permitido por 20 minutos e na cama, detalhes que eram controlados pelos oficiais nazistas por orifícios nas portas. O privilégio não era estendido aos homens judeus. O raciocínio nazista era que, dessa forma, ficava minada a solidariedade masculina nos campos.