05/06/2015 - 20:00
A poluição é um fator de risco para doenças cardíacas e respiratórias. Agora, a ciência aponta outras duas enfermidades que podem ser desencadeadas por ela: acidente vascular cerebral (avc) e ansiedade. A conclusão é de uma pesquisa de pesquisadores da Universidade de Vancouver, no Canadá. Eles analisaram mais de cem trabalhos sobre o assunto e constaram que a alta concentração de gases e partículas tóxicas no ar pode ser incluída na lista dos riscos para as duas doenças. Combinando dados de análises atmosféricas, levantamentos de admissões em hospitais e estatísticas de óbitos de 28 países, os cientistas atestaram a relação. “Essa pesquisa resulta de uma melhor compreensão do papel da poluição do ar como desencadeadora de uma inflamação sistêmica no corpo”, disse Michael Brauer, líder do trabalho.
Uma vez inalados, os poluentes desencadeiam um processo inflamatório – resposta do organismo a uma agressão. No pulmão, os poluentes encontram caminhos abertos para se espalhar pelo organismo, e a inflamação ocorre de forma generalizada. Por isso, cada sistema de órgãos responderá à sua forma.
Nos casos de avc, os principais sistemas afetados são o circulatório e o nervoso. Em resposta à inflamação, o sistema nervoso simpático – um dos componentes do sistema nervoso autônomo, que controla funções como respiração e temperatura – aumenta sua atividade e envia ordens ao sistema circulatório. Aumenta a pressão sanguínea e diminui o volume de sangue distribuído pelo corpo, inclusive no cérebro. Desta forma, cresce o risco de trombose e de rompimento dos vasos sanguíneos cerebrais, extremamente delicados, causando o avc.
Da mesma forma que atinge a circulação, a presença de poluentes contribui para o desenvolvimento de ansiedade, o transtorno psiquiátrico mais comum no mundo (afeta 16% da população). A partir da inflamação que os poluentes causam no corpo, o organismo entra em situação de estresse, deteriorando a saúde e iniciando – ou comprometendo – um quadro de ansiedade. O efeitos são mais fortes no primeiro mês de exposição aos gases tóxicos.
Foto: Danilo Verpa