Quem está acostumado a zapear a tevê em horas avançadas já deu por falta de um clássico das madrugadas. Desde o início da semana o Flash, de Amaury Jr., que tinha endereço certo há 16 anos na Rede Bandeirantes, não vai mais ao ar. Mas os fãs do charme discreto do apresentador paulista não perdem por esperar. A partir do dia 20 de novembro, Amaury Jr. passa a entrevistar suas celebridades de casa nova, a Rede Record, com quem assinou, na segunda-feira 15, um contrato de dois anos. Ele aproveita a mudança para dar uma repaginada no programa, coisa que sempre faz em intervalos calculados. Segundo ele, este é o segredo de sua longevidade como o primeiro colunista social da televisão. “Há cada dois anos a gente mexe no formato, senão cai na mesmice, fica cansativo”, afirma.

A primeira alteração acontece no horário. Agora, Flash – apesar de a marca estar registrada junto ao nome de Amaury Jr., ainda não se sabe se ela será mantida – vai começar uma hora antes, à meia-noite, uma reivindicação antiga do apresentador. “Este é o horário adequado para o meu perfil. O público que me interessa está hoje mais voltado para o culto do corpo, dorme e acorda mais cedo.” Se dependesse de Amaury, que costuma se levantar religiosamente às sete horas da manhã, as festas e eventos que ele transmite deveriam começar no início da noite e terminar por volta das 21h30. Não que Amaury Jr., 50 anos, esteja cansado de envergar o seu smoking pelas altas horas. “Posso dormir tarde que acordo sem problemas. Cinco horas de sono me bastam”, afirma. Dos hábitos antigos, Amaury Jr. cortou apenas o cigarro. O vício, que largou há dois anos, quando fumava 30 cigarros por dia, estava lhe causando problemas na voz. Orgulhoso, rapidamente ele contabiliza que deixou de dar no mínimo 220 mil baforadas.

Com a mesma velocidade, Amaury Jr. chega à conclusão de que, se faz cerca de 30 entrevistas por noite, já deve ter somado mais de 20 mil. Apesar de ser bom de contas, ele faz questão de frisar que sua saída da Rede Bandeirantes não foi resultado de uma operação matemática. “Meu problema na Bandeirantes nunca foi financeiro. Era mais editorial e de horário. Preferi sair em razão do desgaste de 16 anos de casa.” Com a elegância que lhe permite abordar até as mais inacessíveis celebridades, Amaury Jr. prefere dizer que, por uma cláusula de confiabilidade de seu novo contrato, não pode revelar a soma envolvida. “Mas é melhor que o antigo”, garante. Entre os privilégios adquiridos, está a possibilidade do uso de uma unidade móvel, que permite inserções ao vivo, e o sonhado programa de domingo, também sem nome, que irá ao ar até o final do ano, das 20h30 às 23h. Amaury tinha um projeto parecido na Band, o Pizza club, que vinha sendo adiado desde junho. Mas ele não guarda mágoas da antiga emissora. “Sou muito grato à Bandeirantes. Foi graças a ela que hoje tenho esta visibilidade.” Já pensando no novo programa, ele mergulhou em leituras de biografias, um de seus hobbies, e de compêndios de curiosidades, como Vaticanerías, sobre escândalos papais, que servirão de fonte para a nova atração. Ele não percebeu, mas os bispos da Igreja Universal, donos da emissora, com certeza vão adorar.