Ao enterrar o relatório da comissão especial da reforma política, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criou um complicador para sua pretensão de ser reconduzido à presidência da Câmara. O gesto que derrubou o relatório do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) assustou muitos deputados que ajudaram na eleição de Cunha em fevereiro. Como Castro teve papel de destaque nessa campanha, ficou a impressão de que qualquer um pode ser rifado em função das conveniências do cacique carioca. Ninguém quer um aliado assim.

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Segundo escalão
Integrantes da base do governo ficaram insatisfeitos com a recepção que tiveram de Michel Temer quando o procuraram para tratar de nomeações. Ao apresentaram ao vice-presidente os ­nomes dos indicados, ouviram que os cargos pretendidos já estavam comprometidos com o PMDB. Se quisessem, orientou, poderiam procurar o partido para negociar.

Beijos por emendas
Atrás de emendas para sua cidade, a prefeita de Arapiraca (AL), Célia Rocha (PTB), cobria de beijos os deputados que encontrava nos salões do Congresso. Meio sem jeito no início, os deputados depois gostaram e davam largas risadas com a abordagem desinibida da alagoana.

Pausa na Lava Jato
Os investigados da Operação Lava Jato, enfim, tiveram uma boa notícia. O juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, tirou férias até o dia 7 de junho. Embora as diligências estejam mantidas, os acusados estão livres nesse tempo dos impiedosos interrogatórios do magistrado.

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Intriga petista
Na Câmara, petistas atribuem a Mercadante, da Casa Civil, o vazamento de informações sobre Joaquim Levy, na desistência da proposta de taxação de grandes fortunas. Eles suspeitam de que o petista esteja enciumado com o protagonismo de Levy na condução da economia do País.

Esvaziado
A entrada de Levy no governo, de fato, reduziu a influência de Aloizio Mercadante na definição dos rumos econômicos. No final do primeiro mandato de Dilma, o ministro da Casa Civil ganhou espaço à medida que Guido Mantega, da Fazenda, se desgastou com o fracasso de sua política.

Onde o PT cresce
Às vésperas do 5º Congresso, o PT conta com mais de 16 mil novos filiados registrados em 2015. ­Dados do TSE mostram que o partido cresce em cidades do interior e Estados governados por petistas. Esses são os casos do Ceará, de ­Camilo Santana, e a Bahia, de Rui Costa.

Inspiração
Os deputados encontraram uma versão moderna de O Príncipe, de Maquiavel. O romance “Equador”, do português Miguel Souza Tavares, fala de um governador da colônia São Tomé e Príncipe. O protagonista lida com paixões humanas com o modo como interferem nos jogos de poder.

Sobre Youssef e a Funcef
O diretor do Funcef (Fundo de Previdência dos Funcionários da Caixa) Carlos Borges afirma que, diferentemente do que foi publicado nesta coluna na edição de 13 de maio, ele teve apenas uma reunião com o doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato. Segundo Borges, a proposta de negócio apresentada por Youssef não se enquadrava na política de investimento do fundo e foi descartada de imediato. De acordo com nota do Funcef, faz parte da rotina da instituição receber empresários interessados em estabelecer parcerias. O doleiro foi indicado ao fundo pelo então deputado André Vargas.

Em busca do dinheiro em NY
O Itamaraty ainda não concluiu a auditoria e a sindicância aberta no dia 23 de março para apurar denúncia de desvio de dinheiro no Consulado-geral do Brasil em Nova York. Um dos objetivos das iniciativas é recuperar os recursos. O caso foi encaminhado a autoridades policiais dos EUA. Três funcionários foram demitidos por justa causa, conforme antecipou ISTOÉ em 20 de maio.

Toma lá dá cá

Deputado Anderson Ferreira (PR-PE), autor do projeto de lei que institui o Estatuto da Família.

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ISTOÉ – O governo federal usa o conceito de família proposto pelo Estatuto em discussão?
Anderson Ferreira –
Os critérios para concessão do Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e regularização fundiária especificam a relação de casamento entre homem e mulher para garantir a titularidade do benefício. O governo é hipócrita.

ISTOÉ – Não é possível fazer políticas públicas tendo como base apenas o indivíduo?
Ferreira –
O estatuto tem impacto em um conjunto de políticas públicas que são aplicadas no ­âmbito familiar.

ISTOÉ – O estatuto pode ser votado antes do recesso?
Ferreira –
O projeto deve ser votado nos próximos dois meses, com o apoio do Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Rápidas

* Empresários da indústria bélica nacional vão apresentar nesta semana à Frente Parlamentar Mista da Defesa Nacional uma longa lista de demandas para evitar minimizar a crise no setor. Representantes da Abimde, associação patronal ligada à FIESP, estão preocupados com os cortes orçamentários anunciados pelo governo.

* Há otimismo quanto à redução de apenas 25% das verbas do Ministério da Defesa, mas o corte de 40% nas obras do PAC causou angústia no empresariado. É que os principais projetos militares estão sob essa rubrica.

* Esses são os casos, por exemplo, do submarino nuclear, dos helicópteros EC-725 e da aeronave KC-390, que fez seu primeiro vôo de testes em fevereiro.

* No plano privado, a área de defesa ganhou um fôlego com a assinatura de memorando entre a Odebrecht e a chinesa China Eletronics Corporation (CEC), com apoio do ICBC – o “BNDES chinês”-, para investimento de R$ 3 bilhões no SIVAM.

Retrato falado
Cinco mil representantes municipais, entre prefeitos, secretários e vereadores, circularam por Brasília na última semana para a 18ª Marcha dos Prefeitos. Eles aguardavam a presidente Dilma Rousseff na abertura do evento, na terça-feira 26, mas ela trocou o compromisso pela viagem ao México. Os prefeitos, então, transformaram a Marcha em um muro de lamentações contra o governo. Segundo o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), o clima era muito ruim.

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Beto avança na Justiça
Nomeado em fevereiro para o cargo de secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, queridinho da presidente Dilma, demonstra grande apetite para o trabalho. Até demais. Tanta disposição causa certo incômodo no seu superior imediato, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Na pasta, comenta-se que Beto monopoliza tempo e atenção de funcionários que antes só se reportavam ao ministro.

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Fiel ao estilo de Dilma
Em favor de Beto Vasconcelos, deve-se dizer que em alguns casos seu perfil proativo ajudou na execução de políticas do Ministério da Justiça. Mas como ele ocupava a função de chefe de gabinete de Dilma, fica a impressão de que ele assimilou o estilo trator da presidente.

Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira e Josie Jerônimo
Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag. Brasil; Pedro Ladeira/Folhapress/PODER; Alan Marques/Folhapress