Não vou começar este artigo sobre as incríveis alegrias de envelhecer dizendo que adoro minhas ruguinhas porque você não vai acreditar. Mas eu gosto mesmo. Confesso que o papinho sob os olhos me incomoda um pouco. Mas as rugas do sorriso têm seu charme. Bem, não vem ao caso.

O que me aconteceu esta semana e me deixou em êxtase com minha própria idade foi ter descoberto um blog. Publicado no portal online The Huffington Post. Foi mais que uma leitura.

Foi uma conversa. Comecei pela coluna “10 razões pelas quais qualquer homem deveria namorar uma mulher de 50” (ela sabe exatamente o que quer e como vai chegar lá, ela é independente financeiramente, não tem mais filhos pequenos, ela não está sempre cansada, está no auge da maturidade sexual e por aí segue) e continuei por posts como “Onde foram parar os Cowboys” (ou por que não há mais homens que sabem se virar sozinhos nos dias de hoje?”) e “O que uma mulher que enfrenta o câncer de mama espera do seu companheiro?”, além de “Por que os homens ainda deveriam abrir as portas para as mulheres?”.

Me deu um alívio ler todas essas coisas simples e corriqueiras. Uma sensação de receita de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Fácil, rápido, absurdamente satisfatório. Se tem uma coisa que a idade traz é esse imediatismo delicioso. A certeza de que tudo que vale na vida é você se divertir enquanto ela dura. Por que nada é para sempre. E, nessa idade em que eu estou, se uma mulher ainda não sabe o que a faz feliz fuja dela. Ela tem um problemão.

Mas, principalmente, o que eu mais gostei da leitura do blog é que todas essas ideias sobre a natureza e os desejos femininos e esse tricô sobre o valor verdadeiro das coisas para uma mulher a partir de uma certa idade não foram escritos por uma de nós. As colunas são do escritor, produtor e advogado americano, Jack Anderson (www.huffingtonpost.com/john-w-anderson)! Isso sim me divertiu! Como foi bom descobrir que há homens que pensam sim com a objetividade historicamente associada ao gênero. Mas não para se vangloriar disso. E sim para nos compreender.

Como eu ando cansada de colunistas homens – e também de algumas mulheres – que só escrevem sobre a complexidade feminina e as dificuldades que criamos para nós mesmas. Sobre como fizemos de tudo para alcançar o objetivo maior de treinar os homens como animais de estimação e agora sentimos falta do macho alfa. Tédio infinito. Tudo balela.

Se tivéssemos tanto poder, inclusive o de alterar as escolhas individuais de cada homem com quem convivemos, o mundo já seria bem diferente.

Jack Anderson deve saber do que estou falando. Ou assim me sinto lendo seus artigos. O post “Por que um homem ama uma mulher” chega a ser tocante de tão banal. Ama por que ela é “amável”, porque ela é esperta, porque ela tem um cheiro bom e uma pele macia, ama porque ela é sexy e doce e ao mesmo tempo profundamente dedicada a tudo que faz. Jack escreve como um homem. Não como um intelectual moderninho ou como um juiz da história feminina. Ele escreve o que uma mulher quer ouvir. Uma mulher que quer se divertir e chegou ao tempo de saber como fazer isso.