A doutora Zilda Arns não aparece na lista das 100 personalidades mais influentes no Brasil e no mundo que ISTOÉ publica nesta edição. Uma injustiça motivada pela catástrofe que devastou o Haiti. Zilda Arns morreu no exercício de sua influência. Foi levar ao miserável país do Caribe o modelo de empreendimento social que criou para salvar vidas de crianças em comunidades carentes e que se tornou referência mundial nesta área por sua simplicidade e eficiência. O terremoto nos levou uma heroína, cuja obra terá impacto no Brasil e em vários países do mundo durante várias gerações. Zilda Arns sobe para outro panteão, onde se reúnem aqueles que a história reverenciará pelo poder transformador e duradouro de suas realizações. Se ainda hoje nos lembramos da cruzada saneadora de Oswaldo Cruz e sua luta contra moléstias endêmicas, certamente recordaremos, muitas décadas à frente, das vitórias da médica sanitarista e pediatra catarinense sobre a desnutrição e a mortalidade infantil. Zilda Arns espalhou sua lição e influência silenciosamente. Na rotina dos grandes fatos midiáticos, muitas vezes esquecíamos de seu grande exemplo e do profundo impacto que ele provocou. Que ela inspire muitos outros, inclusive os demais integrantes da lista publicada nesta edição.

Há três anos ISTOÉ se permitiu, de forma pioneira no País, a ousadia de escolher e indicar quem são as personalidades cujas decisões, atos ou palavras provocam maior impacto no cotidiano dos brasileiros. A ousadia deriva da impossibilidade total de haver unanimidade em torno dos escolhidos. Cada brasileiro teria seus próprios eleitos, num rol infinito. Assim, a quarta lista das personalidades mais influentes de ISTOÉ deve ser lida, acima de tudo, como um guia sobre quem observar, ouvir, discutir, aplaudir ou criticar em 2010. Desta vez, não apenas no Brasil, pois influência não tem fronteiras, mas em todo o mundo. Como ensina Zilda Arns, influência não se compra nem se copia, se conquista. Foi participando ativamente dos principais episódios da vida do País em mais de 30 anos de história que ISTOÉ se tornou um dos veículos mais influentes do Brasil. Inovadora, a revista por muitas vezes indicou caminhos para a própria indústria editorial brasileira e foi até copiada – e esta lista é a prova disso.