Os relógios marcavam 7h54 naquela brumosa manhã de segunda-feira 8 quando o jato MD-87 da Scandinavian Airlines (SAS), que fazia o vôo SK 686 com destino a Copenhague, iniciava o procedimento de decolagem numa das pistas do aeroporto Linate, em Milão. No momento em que o avião começava a levantar vôo, a uma velocidade de quase 400 quilômetros por hora, um Cessna CJ2-Citation irrompeu na pista de decolagem. O impacto foi estrondoso. O MD-87 saiu da pista, deu uma volta de 45 graus e chocou-se com o hangar de bagagens, partindo-se em três pedaços. “Ouvi três violentas explosões e em seguida uma enorme labareda. Pensei num atentado terrorista”, relatou um trabalhador do aeroporto. “O avião estava cheio de combustível. Uma asa quebrou e dali começou a vazar querosene”, disse um funcionário. Morreram 118 pessoas: os 104 passageiros e os seis tripulantes do jato da SAS, os quatro ocupantes do Cessna e quatro funcionários que trabalhavam no hangar atingido. Foi a maior tragédia aérea dos últimos 30 anos na Itália. As autoridades italianas rapidamente descartaram a hipótese de um atentado terrorista. “Foi um gigantesco erro humano”, declarou o ministro dos Transportes da Itália, Pietro Lunardi.

Apesar de a hipótese de terrorismo ter sido prontamente colocada de lado, as causas do acidente ainda estão longe de terem sido esclarecidas. Com base nas primeiras informações, o Cessna, que viajaria para Paris, partiu de uma área exclusiva para vôos privados e pegou a pista da direita, em lugar da esquerda. Devido ao denso nevoeiro, o piloto não viu dois sinais vermelhos na pista. Além disso, teria havido um problema de comunicação entre a torre de controle e o piloto do Cessna. À bordo da pequena aeronave estavam dois alemães e dois italianos, entre eles o presidente da empresa de alimentos italiana Star, Luca Fossati. Mas o sindicato dos pilotos põe a culpa do acidente no que qualifica de “péssimas condições” de operação do aeroporto Linate. Os dirigentes sindicais afirmaram ainda que não existe controle instrumental de tráfego e que o radar de terra está desativado há mais de um ano. Osvaldo Gambino, representante das empresas aéreas do aeroporto de Linate, disse acreditar em “grave falha humana”, embora admita que o acidente poderia ter sido evitado se o radar estivesse funcionando.


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