Uma forte dor de cabeça foi o sinal. Internada no sábado 29 num hospital de San Francisco (EUA), a bela Sharon Stone, estrela de Instinto selvagem, descobriu que o violento mal-estar que teve era o resultado de uma hemorragia localizada no espaço abaixo da camada aracnóide, que reveste o cérebro. Não está descartada a possibilidade de a atriz ter sofrido um rompimento de aneurisma cerebral, dilatação de artéria que atinge 1% da população, de acordo com dados internacionais.

Stone fez exames para descobrir a razão da dor de cabeça. Eles não apontaram a existência de aneurisma. Os médicos suspeitam que a atriz tenha o problema por causa da hemorragia cerebral, normalmente associada ao aneurisma. A atriz fará novos testes. "Há um porcentual pequeno de casos em que não se acha o aneurisma. O organismo se defende produzindo vasoespasmo (fechamento da artéria). É preciso repetir exames um mês depois", diz Samuel Zymberg, neurocirurgião da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O aneurisma é um problema congênito. "Ninguém nasce com ele, e sim com uma má formação de uma parede da artéria. Com o passar do tempo, pode ocorrer uma dilatação nessa região mais frágil", ensina Milberto Scaff, professor titular de neurologia da USP. Além disso, a má formação pode ter origem infecciosa e traumática. Se o aneurisma for menor que três milímetros, faz-se acompanhamento médico. Nessa situação, ele não tem tendência a sangrar. Mas, se isso ocorreu, é preciso operá-lo porque há risco de morte. Segundo Scaff, para cada 100 aneurismas, apenas um sangra. A hemorragia costuma ocorrer na população ativa (entre 30 e 50 anos). Stone tem 43. "Ela é mais rara em idosos e crianças. Na população ativa, as pessoas são mais estressadas, um dos fatores deflagradores", afirma o neurocirurgião Hallim Feres, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Zymberg reforça: "Na maioria das vezes, os casos ocorrem durante um jogo, um esforço físico grande ou mesmo sob forte emoção."

Há situações em que a hemorragia não é associada à dilatação e não tem causa definida. "Pelo que já foi descrito, deve ser o caso de Sharon Stone. Se for esse, a atriz pode não ter sequelas e continuar bonita e sapeca. Para ela, basta medicamento", diz o neurologista Paulo Bertolucci, da Unifesp.