O mercado financeiro, sempre tão orgulhoso da liberdade de iniciativa capitalista, caiu nas mãos do Estado – um ser lerdo e burocrático, na visão tradicional dos operadores. As Bolsas americanas, e por consequência natural as do resto do mundo, reagiram com euforia aos anúncios de ajuda do governo americano à economia do país. Primeiro foi mais um corte de juros, na terça-feira 2, o nono do ano. Agora, a taxa básica no país é de 2,5%. Tomar dinheiro emprestado nunca foi tão barato nos Estados Unidos desde 1962. As Bolsas fecharam em alta. No dia seguinte, foi a vez de o presidente George W. Bush confirmar que o pacote de ajuda à economia pode chegar a US$ 75 bilhões – fora os US$ 15 bilhões que as companhias já receberam e os US$ 40 bilhões já liberados logo após os atentados para a reconstrução dos lugares atingidos em Nova York e Washington. De novo, Wall Street recebeu bem a notícia e fechou o dia, pela primeira vez desde a tragédia, acima dos nove mil pontos.

Bush pediu pressa ao Congresso na aprovação das medidas, que devem ser de cortes de impostos e aumentos de isenções tributárias para indivíduos e empresas. Nas palavras do presidente, as medidas pretendem dar “um motivo para as pessoas retomarem a confiança”. Pouco antes do anúncio, o secretário do Tesouro, Paul O’Neill, havia confirmado que a economia americana vai retroceder no terceiro trimestre do ano, por culpa dos atentados e da desacelaração que já vinha ocorrendo antes de as torres desabarem. Crescimento, agora, só com um empurrãzinho da mão bem visível do governo.