Apesar do empenho de Antônio Carlos Magalhães, a OAS – empreiteira da família do ex-senador baiano que responde a inquérito na Polícia Federal acusada de enviar para o Exterior US$ 500 milhões – será um dos alvos da CPI das Obras Inacabadas. Na última semana, ISTOÉ publicou denúncias de irregularidades na ampliação do aeroporto de Salvador feitas pelo empresário Luiz Carlos Anunciação Araújo. Com farta documentação e 20 fitas contendo diálogos comprometedores, ele alega que não concordou em participar de um esquema de propinas e que por isso não recebeu pela desapropriação da área usada para ampliar o aeroporto. Segundo o empresário, o dinheiro liberado pelo governo federal é canalizado para a OAS, que superfatura as obras. Esta semana, Luiz Carlos estará em Brasília para oficializar a denúncia. Ele foi convocado pelo corregedor da Câmara para depor na Comissão de Sindicância destinada a apurar denúncias referentes à CPI das Obras Inacabadas. "Vou contar tudo o que sei e entregar os documentos que tenho. A podridão precisa ter um fim", diz.

Na última semana, ACM tentou de várias formas desacreditar as denúncias de Luiz Carlos. O jornal Correio da Bahia, de propriedade da família Magalhães, publicou reportagens tratando Luiz Carlos como um grileiro envolvido em inúmeros processos, relacionando-o ao deputado Juthay Júnior, inimigo político de ACM. A tropa de choque carlista na Assembléia, principalmente a deputada Sônia Fontes (PFL), ocupou a tribuna para também tentar desclassificar o empresário que acusa a OAS. "A denúncia está correta. Há falcatruas na obra do aeroporto", rebate a deputada petista Moema Gramacho.

Em Brasília, os líderes dos partidos de oposição conseguiram obter do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), o compromisso de que a CPI das Obras Inacabadas será retomada. Os deputados acusados de cobrar propinas de empreiteiras para que elas não sejam investigadas, entre eles Damião Feliciano (PMDB-PB), serão afastados da comissão. Um projeto de resolução reabrindo a CPI foi apresentado pelo líder do PDT, Miro Teixeira (RJ) e deverá ser votado nesta semana. "Vamos reabrir a CPI, trocar a cúpula e promover para valer as investigações", afirmou o líder do PT, Walter Pinheiro (BA).