Na noite da quinta-feira 4, Jader Fontenelle Barbalho formalizou na surdina a renúncia ao mandato de senador. Ao contrário dos ex-senadores Antônio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda que fizeram discurso de despedida, Jader limitou-se a entregar por intermédio da assessora Maria Eugênia uma carta-renúncia manuscrita ao presidente do Congresso, Ramez Tebet (PMDB-MS). Com a saída pela porta dos fundos do Senado, ele escapou do processo de cassação e preservou o direito de se candidatar nas eleições do ano que vem. Sem imunidade parlamentar, Jader terá agora de prestar contas à Justiça. Por causa de sua participação no bilionário escândalo da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), procuradores da República de Tocantins, Pará, Mato Grosso e Amazonas vão entrar com quatro ações de improbidade administrativa contra Jader. O cerco também está se fechando nas investigações das fraudes com Títulos da Dívida Agrária (TDAs) e no desvio de dinheiro do Banco do Estado do Pará.

A exemplo de ACM e Arruda, Jader saiu "caladinho" depois de ameaçar fazer barulho com a divulgação de dossiês contra desafetos. Encurralados por denúncias, os três ex-senadores acabaram seguindo roteiros elaborados por advogados na expectativa de se livrarem de condenações judiciais. A aliados do PMDB, Jader não esconde o medo de, como o ex-senador Luiz Estevão, ir parar na cadeia. O ex-presidente do Senado será convocado pelos procuradores e pela Polícia Federal para prestar novos depoimentos. Terá de explicar, por exemplo, um depósito de R$ 400 mil em uma de suas contas, feito por uma das empresas de José Osmar Borges, acusado de desviar R$ 133 milhões da Sudam. O Ministério Público prepara também o bloqueio dos bens do clã dos Barbalhos para ressarcir os rombos no Banpará e na Sudam.

Com a saída de Jader, seu pai e primeiro suplente Laércio Barbalho não vai ficar com a vaga. Mesmo tendo sido um dos beneficiários do dinheiro desviado do Banpará, Laércio, 83 anos, justifica problemas de saúde para não assumir o mandato. O segundo suplente, Fernando de Castro Ribeiro, ex-secretário particular de Jader, também embolsou dinheiro do Banpará. Ele promete tomar posse nos próximos dias, mas se o fizer também será alvo de investigação por parte do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O problema de Jader é que, mesmo se conseguir se eleger em 2002 e voltar ao Congresso, não se livrará dos processos na Justiça. Pela nova lei de imunidade parlamentar em elaboração no Parlamento, o mandato deixa de paralisar a tramitação de processos judiciais.