Algum fã de cinema desavisado pode levar um susto ao se deparar com as fotos recentes de Bob Dylan, principalmente a do encarte deste seu mais recente álbum. Ele está a cara de Vincent Price, o canastrão mais querido dos filmes de horror. Ouvindo o disco, as suspeitas quase se confirmam diante do vocal progressivamente cavernoso do antigo artífice das canções de protesto. Passado o primeiro susto, vem o regozijo ao encontrar um Dylan em determinado flerte com o passado. Nada de mascarar a voz ou embolar propositadamente as letras. Aos 60 anos e em clima setentista, Robert Allan Zimmerman – seu nome verdadeiro – privilegia o velho trio baixo, guitarra e bateria, tocado por um time de músicos que tem o blues rock no sangue e segue à risca a viagem pelo ritmo sob a cintilante assinatura Dylan. (A.R.)
Ouça com atenção