Se hoje o Brasil sabe que na ditadura militar funcionou na rua Arthur Barbosa 668, em Petrópolis, um centro de tortura do Exército chamado Casa da Morte, deve isso a Inês Etienne Romeu. Motivo: ela foi a única sobrevivente entre todos os presos políticos seviciados nesse local. Militante e acusada de participar em 1970 do sequestro do então embaixador da Suíça Giovanni Bucher, Inês foi seguidamente estuprada pelos torturadores ao longo de 96 dias. Retirada da Casa da Morte após ludibriar os bárbaros dizendo que delataria os companheiros, ela foi trancafiada no presídio Talavera Bruce e de lá saiu em 1979 – denunciou em detalhes onde se localizava o centro de tortura, identificou o seu proprietário, foi atrás do médico que examinava os torturados para diagnosticar se eles agüentavam apanhar mais. Inês Etienne morreu na segunda-feira 27, em Niterói, aos 72 anos, de insuficiência respiratória. Na história do Brasil e da luta contra a ditadura ela sempre será a “sobrevivente”.