Correu o mundo na semana passada a imagem de uma senhora de 81 anos de idade abraçando e beijando um senhor de 93. Tal encontro não teria nada de surpreendente, não fosse ela a judia Eva Kor submetida quando criança a “experimentos científicos” promovidos pelos nazistas. E não fosse o ancião um dos carrascos da SS julgado agora na Alemanha pela cumplicidade na morte de 300 mil judeus, entre eles os pais e irmãs de Eva, assassinados nas câmaras do campo de extermínio de Auschwitz – aliás, ele se tornou conhecido como o “contador de Auschwitz” pelo fato de administrar objetos de valor pilhados das vítimas. O fato de Eva abraçá-lo não significa que ela o absolva, trata-se tão somente de gesto de generosidade humana de uma senhora após 70 anos do final da guerra. “O perdão é a maior vingança de todas”, escreveu ela em uma crônica no jornal inglês “The Times”. “Mas friso que perdoar não significa deixar de responsabilizá-lo por seus atos”.