Antônio Abujamra dizia que a terça era um bom dia para morrer. Pois justamente na madrugada da terça-feira 28, o ator, diretor e apresentador de televisão faleceu dormindo, vítima de um infarto do miocárdio em sua casa em São Paulo, aos 82 anos.

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Desde 2000, Abujamra apresentava o programa "Provocações", da TV Cultura

Nascido em Ourinhos, no interior de São Paulo, Abujamra cursou jornalismo e filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Em 1961, estreou como diretor de teatro, com o espetáculo“José, do Parto à Sepultura”, de Augusto Boal. Abujamra foi o responsável por introduzir no Brasil os métodos de importantes autores de teatro, como Bertold Brecht e Roger Planchon, com quem chegou a estudar. Em 1965, durante a ditadura militar no Brasil, enfrentou problemas com a censura quando sua montagem de “O Berço do Heroi”, de Dias Gomes, foi interditada no último ensaio antes da estreia.

Ele voltaria a ter problemas com a censura em 1975, quando sua montagem de “Abajur Lilás”, de Plínio Marcos, foi proibida.

Entre seus maiores sucessos como diretor teatral está “Muro de Arrimo”, monólogo de 1973 escrito por Carlos Queiroz Telles, no qual Antônio Fagundes interpreta um trabalhador da construção civil.

Após um período no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), Abujamra dirigiu Fagundes mais uma vez em “Nostradamus”, uma das maiores bilheterias teatrais da década, com texto de Doc Comparato.

Como ator, realizou inúmeros trabalhos para teatro e televisão. Seu personagem mais popular foi o bruxo Ravengar, da novela “Que Rei Sou Eu?”, exibida pela Rede Globo em 1989. Desde 2000, ele vinha apresentando o programa de entrevistas “Provocações”, da TV Cultura. O último, exibido na terça-feira 21, teve como convidado o humorista Eduardo Sterblitch.

Foto: Reinaldo Marques/Ag. O Globo