i66969.jpgA aventura e a correria para inaugurar o Teatro Tom Jobim, num bucólico canto do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, são dignas de letra e música. Há semelhanças, digamos, “genéticas”: em 1972, Tom compôs Águas de março em seu sítio durante as lamacentas obras de uma casa. Pois bem, os versos “é o carro enguiçado, é a lama, é a lama” poderiam ser, também, a trilha sonora dos dias apressados de finalização desse que é o primeiro teatro brasileiro 100% ecologicamente correto. Com tratamento acústico especial para não incomodar os vizinhos de penas, plumas e pêlos que vivem na mata, o teatro se vale de energia solar e madeira certificada. Para garantir uma acústica perfeita, o telhado recebeu uma camada adicional de poliuretano. Tudo isso para não desafinar o ritmo do maestro Tom Jobim (1927/1994), defensor da natureza que viveu declarando o seu amor às árvores e aos animais desse mesmo Jardim Botânico.

Os artistas que se apresentarem nessa nova casa de espetáculos (capacidade para 500 pessoas) terão água quente à base de energia solar. Há aparelhos de ar-condicionado, mas a intenção não é ligá-los e, isso sim, fazer com que a ventilação seja natural – um teatro aberto para a Mata Atlântica que receberá a brisa gelada da vegetação. “Por aqui faz frio como em poucos lugares. É o frio que desce da serra”, diz Paulo Jobim, músico, filho de Tom e diretor do teatro. O curador João Fortes garante a procedência da madeira utilizada, toda de material sustentável e pintada em diferentes tons de verde. O trio ansiedadepela- obra-pronta é completado por Biza Viana, também produtora e curadora. Eles sabem que tudo correu bem no show especial que Caetano Veloso, Milton Nascimento e o Trio Jobim deram no teatro na terça-feira 30. Agora aguardam nervosamente a inauguração oficial na quarta-feira 8 com um evento em homenagem a Tom coordenado pelo diretor de teatro Amir Haddad.

i66970.jpgAlém de um concerto com canções do maestro, estão programadas diversas intervenções teatrais pelo Jardim Botânico no entorno da casa. Aqueles que suaram a camisa para a construção também estarão na festa – são os operários que animarão uma roda de samba. A direção do Teatro Tom Jobim já fechou contrato com a companhia do britânico Peter Brook (apresentação da peça libanesa Yesterday’s man) e com as trupes brasileiras de Bruce Gomlevsky (exibirá Festim) e de Cláudia Dias (Das coisas nascem coisas). E já no mês que vem terão início os Concertos para a Amazônia, que culminarão com quatro semanas de homenagens a Chico Mendes. Tom, se vivesse, aplaudiria em pé.


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