Para os ânimos abatidos dos americanos, a notícia teve o efeito de uma poção mágica: Michael Jordan, ele mesmo, o mito, maior ídolo do basquete mundial, deixou a aposentadoria de lado e, em 30 de outubro, no Madison Square Garden, vai vestir a mágica camisa 23 para voltar a jogar na NBA pelo Washington Wizards, equipe da qual é co-proprietário e presidente desde janeiro de 2000, condições que, por exigência da NBA, terá que se desvencilhar.

Não importa que a equipe que enfrentará o Knicks na reestréia de Jordan, hoje com 38 anos, é uma das mais fracas. Importa a presença e a genialidade do armador de 1,98 m, escolhido cinco vezes como o melhor da temporada, 12 vezes o melhor da seleção, seis títulos de campeão com o Chicago Bulls. Jordan vai ganhar US$ 1 milhão na temporada (que vai até maio), muito pouco para quem deixou o Bulls recebendo US$ 33 milhões e em comparação aos jogadores de futebol Rincón e Edmundo, por exemplo, que ganham mais do que ele. Jordan disse que volta por amor ao jogo e nem vai ficar com o dinheiro. Já anunciou que doará seu salário – que é o teto do Wizards – para as famílias das vítimas dos atentados em Nova York e Washington.

É um presente para Nova York. A cidade que nunca dorme está sombria, triste e silenciosa, chocada com a coluna de fumaça que restou daquilo que costumava ser uma das maiores atrações turísticas da cidade. Os motoristas não estão buzinando tanto, sobram ingressos para o espetáculo The producers, o maior sucesso da Broadway. Até mesmo os condutores das charretes puxadas a cavalo, que estacionam ao lado do Central Park e ganham a vida com o turismo, estão constrangidos de exercer sua profissão. É um ofício muito alegre e divertido para o momento triste que vive a cidade. Em tempos normais, a indústria turística de Nova York movimenta US$ 25 bilhões por ano.

A volta de Jordan é também uma festa para as finanças da NBA. Ele é uma máquina da fazer dinheiro, o único capaz de, numa cesta, atrair multinacionais para patrocínios milionários. Segundo dados da revista Fortune, a carreira de Jordan gerou uma movimentação de US$ 10 bilhões na economia americana. A rede de televisão NBC, que tem os direitos da liga, já anunciou que, com a volta dele, vai transmitir pelo menos 11 partidas do Wizards, que jamais teria algum jogo transmitido em qualquer outra circunstâncias. Jordan não recusa um bom negócio com seu nome. Desde que estreou na liga americana, assinou contratos com grandes empresas, como Coca-Cola, General Mills (alimentos), Oakley (óculos). Com a Nike mantém um contrato vitalício desde 1985. A empresa não deixa Jordan escapar por dinheiro nenhum. Os produtos com o nome dele respondem por 4% do faturamento anual da multinacional, algo em torno de US$ 400 milhões.

Será que Jordan ainda voa nas quadras? Nesses três anos de aposentadoria, ele teve duas costelas quebradas, sofreu com problemas nas costas e teve tendinite nos joelhos. Recuperado, treinou como um louco, escondido, com seus antigos parceiros do Bulls. Dizem que voou.

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