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A Petrobras divulgou nesta quarta-feira, 22, o aguardado balanço auditado referente ao ano de 2014 e reportou prejuízo líquido de R$ 21,587 bilhões. O resultado é decorrente das perdas com corrupção na Operação Lava Jato, que gerou baixas de R$ 6,2 bilhões. Este é o primeiro prejuízo desde 1991, quando a estatal reportou prejuízo de R$ 92 mil, segundo dados coletados junto à Economática, que ajustou os números para o real.

"O prejuízo de R$ 21,587 bilhões no exercício de 2014 é devido à perda de R$ 44,636 bilhões por desvalorização de ativos (impairment). O valor da baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente no ativo imobilizado oriundos do esquema de pagamentos indevidos descoberto pelas investigações da Operação Lava Jato (baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente) foi de R$ 6,194 bilhões", destaca a Petrobras, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

A última vez em que a Petrobrás divulgou um balanço auditado foi em agosto do ano passado, quando foram apresentados os dados referentes ao segundo trimestre de 2014. Em novembro último, a estatal deveria ter apresentado os números do terceiro trimestre, porém, a auditoria PwC não deu aval em função do desenrolar da Lava Jato. Esses dados foram divulgados apenas no dia 28 de janeiro deste ano, mas sem a inclusão de baixas contábeis associadas aos casos de corrupção já identificados pela Polícia Federal. Pela mesma razão, a PwC não havia auditado o documento.

Após mais de cinco meses de impasse desde então, a Petrobrás volta a divulgar um balanço auditado. O documento aponta que o resultado de 2014 foi afetado por desvalorização de ativos (impairment). Tais fatores também pressionaram o Ebitda ajustado anual da Petrobrás, que totalizou R$ 59,140 bilhões, uma retração de 6% em relação a 2013. A receita líquida, por outro lado, apresentou salto de 11%, para R$ 337,260 bilhões ante cifra de R$ 304,890 bilhões em 2013, influenciada pelo aumento da produção e pelo dólar mais favorável à exportação, além do preço mais elevado dos combustíveis vendidos no mercado doméstico.

Quando considerado apenas o quarto trimestre, a Petrobrás reportou prejuízo líquido de R$ 26,600 bilhões, ocasionado pela contabilização de perdas oriundas de operações fraudulentas envolvendo ex-diretores da estatal. A estatal também informou prejuízo de R$ 5,339 bilhões no terceiro trimestre ante lucro de R$ 3,087 bilhões divulgado em janeiro. Além disso, a companhia realiza, sempre no fechamento do ano, um ajuste contábil sobre o valor recuperável dos ativos, prática conhecida como impairment. No quarto trimestre de 2014, o ajuste levou em consideração a forte desvalorização do petróleo e de derivados do petróleo no mercado internacional, além de ajustes internos realizados pela estatal.

O prejuízo do quarto trimestre de 2014 contrasta com o lucro de R$ 6,281 bilhões acumulado no mesmo intervalo do ano anterior. A Petrobrás também reportou Ebitda ajustado de R$ 20,057 bilhões no quarto trimestre, expansão de 28,95% em igual base comparativa. A receita líquida totalizou R$ 85,040 bilhões, alta de 4,95% sobre os três últimos meses de 2013.

Este é o primeiro resultado trimestral divulgado pela nova diretoria da Petrobrás, comandada por Aldemir Bendine, que veio do Banco do Brasil, desde o início de fevereiro. Os números de 2014, contudo, foram resultado ainda da administração da ex-presidente Maria das Graças Foster, que deixou o cargo em meio às investigações da Lava Jato.