Deputados de diversos partidos organizam uma frente para enfrentar a tropa de choque do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cobrados por eleitores, esses parlamentares estão insatisfeitos com o rumo conservador da pauta de votação, monopolizada por Cunha. Com a meta de agregar 200 deputados, as reuniões acontecem na casa do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Nas palavras de Delgado, a frente quer dar mais voz à sociedade na agenda, mas não tem o objetivo de fazer oposição ao presidente.

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Monopólio do café
Desde fevereiro, a Câmara ficou dividia entre os deputados amigos e os não amigos de Eduardo Cunha. Nas últimas semanas, o salão do “cafezinho”, ao lado do plenário, foi tomado pelos “cunhistas”. O local era um reduto ecumênico de parlamentares, lobistas e jornalistas. Os não amigos agora estão à procura de outro lugar para relaxar.

CPI terceirizada I
Como a CPI da Petrobras evita convocar empreiteiros, a Comissão de Trabalho da Câmara ocupa o espaço. Representantes da Camargo Corrêa, da Queiroz Galvão e da Odebrecht foram chamados por esse colegiado para falar sobre os impactos dos escândalos nos canteiros de obras.

CPI terceirizada II
A Comissão de Desenvolvimento Urbano também entrou nos assuntos relacionados às investigações da Lava Jato. Representantes do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público e da Controladoria Geral da União (CGU) foram convocados para depor sobre acordos de leniência.

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Falta de sintonia
Quando o assunto é leniência, ninguém se entende. No dia em que o TCU validou as negociações na CGU, o consultor do tribunal Sandro Granjeiro disse na Câmara que acordos feitos no Executivo não impedem o órgão de fiscalização de enquadrar empreiteiras por irregularidades.

Reforma emperrada
Observadores atentos à reforma política consideram pouco provável mudanças profundas na legislação. Para as propostas avançarem, serão necessários acordos entre PT, PMDB e PSDB, o que é difícil. As mexidas mais fáceis são as que dificultam o funcionamento das pequenas legendas.

Gestão de crise
A mesma estratégia de gestão de obra adotada no caso do Estaleiro Rio Grande foi usada em outras grandes empreendimentos da Petrobras. Assim como no caso revelado por ISTOÉ há duas semanas, a estatal entregou à corretora Rio Bravo a operação dos projetos do Centro Administrativo da Petrobras e do Laboratório de Fluídos, em Macaé (RJ), da Sede Administrativa de Unidades da Petrobras, em Vitória, e da Sede da Unidade de Negócios em Santos. Orçada em R$ 90 milhões, a obra de Vitória custou R$ 580 milhões à Petrobras e está sob investigação do Ministério Público Federal por suspeita de superfaturamento.

Óleo na filantropia
Os projetos sociais da Fundação Projeto Travessia recebem patrocínio de instituições privadas e públicas como o Ministério da Cultura, a Petrobras, a Fundação Telefônica e o Sindicato dos Bancários. De 2008 a 2013, segundo a ONG, a Petrobras doou mais de R$ 2,5 milhões, o governo repassou R$ 1,2 milhão e o sindicato entrou com quase R$ 4 milhões para o Projeto Travessia.

Toma lá dá cá

Deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), líder do PSOL na Câmara

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ISTOÉ – O deputado Cabo Daciolo (PSOL-RJ) quer trocar a expressão “todo poder emana do povo”, na Constituição, por “emana de Deus”. Como o partido trata esse caso?
Chico Alencar –
O deputado está na comissão de ética por descumprimento do programa partidário e desautorizado a falar em nome do PSOL na Câmara. Em maio o diretório nacional vai decidir se ele permanece no partido.

ISTOÉ – Qual a divergência?
Alencar –
Tínhamos acordado que ele não encaminharia a “PEC de Deus. Nós defendemos o Estado laico, o direito de crença e de não crença.

ISTOÉ – Por que um cidadão conservador está no PSOL?
Alencar –
Não questionamos a ética do Cabo Daciolo, mas para nós liberdade é não constranger a liberdade dos outros.

Rápidas

* Ministros do STF dizem que o presidente Ricardo Lewandowski está muito satisfeito com a possibilidade de ter Luiz Edson Fachin no Tribunal. Se a indicação da presidente Dilma for confirmada no Senado, Lewandowski terá um colega para fazer dupla no plenário.

* É muito comum os ministros formarem duplas em função de suas afinidades pessoais. Carmem Lúcia era muito próxima de Ricardo Lewandowski, mas os dois estão mais distantes desde que ela foi para o Tribunal Superior Eleitoral.

* O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) protagonizou uma cena engraçada na Praça dos Três Poderes na semana passada. Ele se preparava para um encontro com manifestantes contra o governo Dilma, quando viu uma passeata de índios avançando em sua direção. Caiado saiu correndo.

* A preocupação de Caiado tem uma explicação. Ele é um dos principais representantes da bancada ruralista no Congresso e os índios estavam no local gritando palavras de ordem exatamente contra o avanço do agronegócio sobre suas reservas.

Retrato falado

Se o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), está conduzindo os trabalhos da comissão com intenções “chapa branca” só o tempo dirá. Mas muitos paraibanos estão felizes com sua atuação. Ao engrossar a voz para encerrar afrontas de colegas mais tarimbados, o deputado de 25 anos consolidou a fama de “cabra macho” nos blogs de seu estado. Uma das intervenções de Motta teve até trocadilho.

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“Minha Casa”, a origem
Atribuído ao marqueteiro João Santana, o slogan “Minha Casa Minha  Vida”, programa habitacional lançado em 2009, tornou-se uma marca forte do governo. Mas não é original. Em 2006 já existia o “Minha Casa Meu Lugar”, iniciativa para reinclusão familiar de adolescentes da Fundação Projeto Travessia. Essa ONG foi criada, entre outros, por João Vaccari Neto e Ricardo Berzoini.

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Pedra no caminho
A chance de a senadora Marta Suplicy (PT-SP) deixar o partido ficou mais difícil depois que os petistas decidiram pedir seu mandato caso ela mude de legenda. Se ela sair e perder a eleição pela Prefeitura de São Paulo em 2016 , perderá quatro valiosos anos no Senado.

Fotos: Divulgação PMDB Nacional; Wilson Dias; WILSON PEDROSA/AG. ESTADO/AE
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo