A sabedoria popular ensina que tudo aquilo que não tem remédio… remediado está. Traduzindo para a política brasileira: se nem o vice-presidente da República, Michel Temer, que é também presidente nacional do PMDB, for capaz de pacificar seu
partido, ninguém mais será. 

Portanto, ou Temer se mostra capaz de conter a rebelião permanente do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Congresso, ou será mais prático chegar à conclusão de que a aliança PT-PMDB ruiu de vez e que os peemedebistas deveriam logo entregar todos os seus ministérios e espaços na máquina pública.

As primeiras reações a esse movimento radical do governo Dilma foram positivas. No mercado financeiro, o dólar caiu com força, num indício de que os investidores enxergam uma administração fortalecida para aprovar o ajuste fiscal.

No Congresso, a CPI sobre o BNDES, que estava pronta para ser instalada, evaporou depois que seis senadores retiraram suas assinaturas.

O ponto mais importante, no entanto, foi a declaração do senador Renan, que elogiou a escolha de Temer e apontou uma “virada” no governo Dilma. Com isso, Cunha foi isolado – o que não significa que deixará de ser atendido por Temer. O vice já anunciou a ida de Henrique Alves, um dos principais aliados do presidente da Câmara, para o Turismo. Em breve, irá pilotar também a distribuição dos cargos do segundo escalão.

Desde o governo Sarney, o PMDB não tinha tanto poder como agora. Além de um vice-presidente “com caneta”, o partido comanda as duas casas legislativas. Os peemedebistas também já anunciaram que, em 2018, farão um voo solo, com candidatura própria à presidência da República. Ou se mostram responsáveis diante da crise atual ou perderão a oportunidade.