O fantasma de uma retaliação terrorista virtual ronda os EUA.
O Centro de Proteção das Infra-estruturas Nacionais, ligado ao FBI, a polícia federal americana, exortou os internautas a redobrarem a vigilância. Os hackers aproveitaram o caos para atacar. Segundo o FBI, um grupo divulgou que teria mil computadores sob controle. Coincidência ou não, um novo vírus, o Nimda, entrou em ação na semana passada, infectando meio milhão de PCs na maior epidemia da internet.

O Congresso americano se prepara para aprovar leis que ampliem o uso de sistemas eletrônicos de espionagem. A principal arma – mas não a única – é o Echelon, sistema nascido na guerra fria para rastrear as operações de espiões soviéticos. Supervisionado pela agência americana de segurança, o sistema trabalha a serviço do Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia (leia quadro). “O Echelon opera em todos os países e intercepta todas as grandes rotas de aviação”, diz Antonio Carlos Monclaro, especialista em tecnologia de inteligência militar.

Na teoria, ele identificaria Saddam Hussein pelo som de sua voz ao telefone. Os sinais eletrônicos capturados com a ajuda de satélites decifram até mensagens codificadas. Há três meses, o Echelon detectou evidências de um ataque nos EUA no qual seriam usados aviões comerciais. Uma falha na inteligência americana, porém, subestimou o alerta.

Já se descobriu que os terroristas usaram códigos cifrados embutidos em imagens de internet para se comunicar. As autoridades ainda investigam se o vírus Nimda tem relação com os atentados, mas sua ação destrutiva mostrou o poder de fogo do ciberterrorismo. “Tudo o que é digital é vulnerável. Basta descobrir uma porta aberta. Os hospitais americanos estão todos online. Do site é possível pular para a rede interna e chegar aos comandos que definem a dosagem dos remédios. O limite é o conhecimento do hacker”, diz Marcelo Romcy, sócio da empresa de segurança Proteus. As possibilidades são aterrorizantes: pouso e decolagem de aviões, semáforos, rotas de trem e de metrô seriam alteradas para provocar colisões. Extratos e operações bancárias sumiriam e os aparelhos que monitoram pacientes nos hospitais seriam desligados. A origem de todo esse caos poderia estar num único computador.