No dia seguinte ao maior atentado terrorista da história, quatro agentes do FBI desembarcaram em Foz do Iguaçu (PR). Em companhia de um de seus “colaboradores” no Cone Sul, foram na sequência para Ciudad del Este, no Paraguai. Sempre que acontece um atentado terrorista, olhares inquisitivos se voltam para a fronteira entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina. Palco de grande diversidade étnica, a região concentra 12 mil moradores de origem árabe, os suspeitos habituais de qualquer ato de terror. Como o combate ao terrorismo se dá principalmente no campo de informações, os serviços de inteligência de Israel (Mossad) e do Brasil (Abin) também reforçaram sua presença na área. A Argentina e o Paraguai decidiram ainda aumentar o patrulhamento militar.

De acordo com o Side, o serviço secreto argentino, grupos de apoio ao saudita Osama Bin Laden foram detectados por seus agentes na região em 1999. Na época, um relatório sobre o assunto teria sido enviado ao Mossad e à CIA, o serviço de inteligência americano. “Eles recolhem fundos, doutrinam, recebem fugitivos e dão treinamento militar básico”, diz o relatório, segundo o jornal Clarin. O delegado-chefe da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, Joaquim Mesquita, no entanto, garante que não há nenhum indício de terroristas na região. Outro delegado federal, Jessé Ferry, também questiona a veracidade do relatório. “Se eles tiveram conhecimento de grupos de apoio ao terrorismo, por que não efetuaram prisões?”, pergunta. Líderes da comunidade árabe não se conformam com as acusações generalizadas. “É pura mentira”, diz Ali Rahal, do Centro Beneficente Islâmico. “Quando teve a explosão em Oklahoma também vieram com essas acusações infundadas”, lembrou Fouad Fakih, da Associação Comercial, referindo-se ao atentado feito pelo americano Timothy McVeight.

Em outro ponto da fronteira, entre o Chuí (RS) e o Uruguai, o egípcio El Said Hassan Mohamed Mokhles foi flagrado, em 1999, usando passaporte falso. Ele é acusado de participar de um atentado que matou 62 pessoas em Luxor, no Egito, em 1997. Devido a supostos vínculos do egípcio com Bin Laden, sua mulher, Sahar, está entre as pessoas “monitoradas” pelos agentes internacionais. Atualmente, Sahar vive em Foz do Iguaçu, graças a doações da comunidade árabe. Ao ver seu nome vinculado aos atentados nos Estados Unidos, ela telefonou para a Polícia Federal, colocando-se à disposição para depoimentos. Por enquanto, ninguém achou necessário ouvi-la, mas todos fazem questão de mantê-la sob discreta vigilância.