Um par de tênis flutua no ar sobre a quadra sintética. Abaixo, a sombra do jogador, sua raquete e a bola congelada a mais de 100 quilômetros por hora. É Gustavo Küerten se despedindo das Olimpíadas de Sydney, em 2000, para mais tarde liderar o ranking mundial de tênis. Em outra situação, a favorita no salto a distância, Maureen Higa Maggi, cai vencida por uma contusão violenta. O momento exato no qual um músculo de sua coxa direita explode é capturado pela câmera de quem estava no lugar certo, na hora certa. Assim como no mar em fúria da Baía de Sydney, quando os iatistas Torben Grael e Marcelo Ferreira navegavam contra uma corrente de problemas. Num iate próximo, fotógrafos brasileiros e estrangeiros tentavam capturar a cena enfrentando ondas de até dois metros. Um italiano caiu na água e perdeu todo o equipamento. Mas eis que o mar agitado vira calmaria na forma de uma foto precisa, conforme relata o subeditor de fotografia da sucursal de Brasília de ISTOÉ, Ricardo Stuckert, 31 anos, que cobriu as Jogos Olímpicos. “Foi uma pescaria difícil. Tive a sorte de voltar com um bom peixe”, conta ele.

Da terra dos cangurus, do bumerangue e de mulheres belíssimas Stuckert trouxe um ensaio fabuloso ao captar com sua câmera Nikon D1 digital momentos raros, únicos e insubstituíveis da maior festa planetária do esporte. Um ano depois, o melhor deste show de imagens está na exposição As Olimpíadas de Sydney, em cartaz a partir da segunda-feira 24, no Brasília Shopping, na capital federal.

Beleza – Estes foram os Jogos Olímpicos da corredora americana Marion Jones, do nadador australiano Ian Thorpe, do surpreendente “holandês voador” Pieter van den Hoogenband, que atropelou o torpedo australiano, e de tantos super-homens e supermulheres que dedicam suas vidas a bater recordes.

Foram também as Olimpíadas do marketing, das marcas, do patrocínio e, infelizmente, do doping. Quase meia centena de atletas saiu da competição por seu envolvimento com o uso de drogas proibidas. Para o Brasil, os Jogos tiveram as auras da esperança e da decepção, com apenas seis medalhas de prata, seis de bronze e nenhuma de ouro. Mas erros e acertos só acentuam a beleza do esporte, como provam as fotos de Stuckert, filho de uma família de fotógrafos.

Sua exposição será inaugurada com uma projeção multimídia, mostrando uma seleção de 250 das seis mil fotografias tiradas por ele durante o megaevento. Do total, 50 ficarão expostas por duas semanas. Além da luta dos atletas pelas medalhas, serão exibidos cliques das festas de abertura e do encerramento das Olimpíadas. Na abertura, a marcha épica de aborígines sob um deserto imaginário lembra uma pintura espetacular com suas luzes, cores e sombras. Na festa de despedida, a uma temperatura de cinco graus centígrados, surge a apoteótica queima de fogos, transformada num banho de luzes vermelhas na Ponte de Harbour, cartão-postal de Sydney. São registros sensíveis, belos, típicos de quem tem no sangue o DNA da fotografia.