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Ozzy Osbourne, o "Príncipe das Trevas", um dos pais do heavy metal, volta ao Brasil

Um dos artistas mais influentes de todos os tempos, Ozzy Osbourne, 66 anos, também chamado de “Príncipe das Trevas”, entrou para a história da música como o vocalista do Black Sabbath, para muitos a banda responsável por criar o heavy metal com seu disco homônimo, lançado em 1970. Nas últimas décadas, o cantor alterna a carreira entre discos e shows solo e projetos com a banda, com quem toca esporadicamente desde 1997. O grupo também lançou o disco “13”, em 2013. Ozzy volta a se apresentar no Brasil no dia 25 de abril, quando toca como atração principal do primeiro dia do festival “Monsters Of Rock”, em São Paulo. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ Online, ele revela que a doença do guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi, diagnosticado com câncer, forçou o grupo a cancelar as gravações de um novo álbum. Sobre o futuro musical, dá poucas certezas, mas garante: “Eu não vou me aposentar, disso eu sei.”

Como você se sente voltando a tocar no Brasil?
Eu gosto muito daí. Estou feliz de voltar. A plateia é ótima aí embaixo.

O Black Sabbath irá realmente gravar um novo disco este ano, conforme anunciado?
O disco não deverá ser gravado por enquanto. Tony (Iommi, guitarrista) está doente e não vai poder gravar. Ele recentemente descobriu que está com câncer. Então eu não acho que ele queira participar mais das gravações.

A gravação foi cancelada, então?
Sim, foi.

Vocês pensam em retomar as gravações em algum momento?
Bom, nós não somos mais jovens, mas imagino que sim. Tocamos juntos e gravamos desde os anos 70, é muito tempo. Mas ouvi dizer que o Tony não está muito bem.

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Falando um pouco sobre o passado da banda, quais são as melhores memórias de quando vocês começaram?
Todo dia era uma nova experiência. Nós andávamos pelas ruas de Birmingham e de repente estávamos lá, tocando… Sabe, no começo de toda banda tudo é novo e excitante. Nós nos divertíamos muito juntos. Nós crescemos muito de lá para cá.

É difícil continuar juntos depois de tanto tempo?
Bom, nós sempre continuamos a tocar, juntos ou separados. Talvez Tony tenha se aposentado agora. Mas eu não quero me aposentar, quero continuar fazendo alguma coisa.

Muita gente considera o Black Sabbath como a primeira banda de heavy metal. É um rótulo com o qual você concorda?
É algo muito lisonjeador, mas eu não sei se concordaria. Mas muita gente diz que fomos os primeiros, então que seja. Na época em que começamos, apenas tocávamos as músicas que queríamos tocar. Quando você começa a tocar, quer ser diferente. Mas eu nunca realmente pensei sobre isso.

Que tipo de bandas vocês ouviam quando começaram a tocar?
Os Beatles, principalmente. Sempre fui um grande fã deles.

Você diria que eles foram uma influência em sua música?
Eles sempre tiveram boas melodias.

Qual é o seu disco favorito deles?
Eu não sou tão fã das coisas mais antigas. Na medida em que eles progrediram de uma banda pop para um grupo de caras espertos, eu me interessei mais. Eles tinham um ótimo som.

O nome “Black Sabbath” veio de um filme de horror, não foi? Vocês eram fãs de horror nessa época, considerando que chegaram a gravar uma música baseada em um conto do escritor H.P. Lovecraft (“Beyond The Wall Of Sleep”)?
Sim, nós gostávamos bastante. Mas o nome acabou sendo decidido meio por acaso. Geezer (Butler, baixista) criou o nome. Ele ficou sabendo do título, mas não chegou a ver o filme, até onde eu sei.

Como era morar em Birmingham nessa época?
Muito deprimente, havia muita sujeira. A cidade mudou tanto agora… Antes só havia grandes zonas industriais e fábricas. Eu espero que melhore no futuro.

A melhor maneira de escapar de uma realidade assim seria montar uma banda, então?
Certamente é bem melhor que trabalhar em uma fábrica.

O que você tem ouvido recentemente?
Tenho ouvido uma banda chamada Pandora. Mas em geral escuto muitas coisas antigas. Escuto muitas coisas dos anos 80, e ainda ouço Beatles. Eu não escuto muito coisa nova, prefiro as coisas que remetem à minha juventude.

Que memórias você tem das outras vezes em que veio ao Brasil?
A primeira vez em que estive aí foi durante o Rock in Rio de 1985. Eu fiquei surpreso em primeiro lugar, não achava que seria um voo tão longo, achei que seria apenas umas duas horas. Saindo de Los Angeles, é um voo incrivelmente longo. Isso é o que eu mais lembro, não me lembro de tanta coisa. Me lembro das pessoas terem me mostrado muitos tipos diferentes de música brasileira. É algo que vocês têm no sangue.


O que você planeja no momento? Dar continuidade a sua carreira solo?
Sim. Quando você toca por muito tempo, pensa e planeja mais as coisas. Mas é difícil dizer sim ou não, as coisas vão acontecendo no seu devido tempo. É uma situação diferente da que eu tenho com o Black Sabbath. Eu não vou me aposentar, disso eu sei.

Você planeja lançar algum disco próprio em breve?
Eu tenho três ou quatro canções, e algumas ideias.

Quando você deixou o Black Sabbath pela primeira vez, as drogas tiveram um peso considerável na separação, ou havia outros motivos?
Eu deixei a banda. Eu estava meio bagunçado, sabe? Fomos até onde dava para ir. Acho que foi uma decisão saudável para nós termos nos separado.

Você chegou a ouvir os discos que a banda lançou após a sua saída?
Não.

Se você tivesse que escolher seus discos favoritos, quais seriam?
Eu acho que “Paranoid” (1971). Gosto de todo o período do começo dos anos 70. Depois disso, “Blizzard of Ozz” (1980), “Diary of a Madman” (1981) e “No More Tears” (1991).

Você costuma tocar muito em festivais pelo mundo. Como é a experiência?
Em festivais você não vê muita coisa, acaba indo pela experiência. Você nunca sabe o que vai dar certo ou errado, então acaba apenas fazendo.

Você prefere tocar em festivais ou em shows em que vocês são a única atração?
Às vezes prefiro os festivais, às vezes shows menores. Acho que o primeiro Rock in Rio, em 198… (não completa) foi a maior plateia da minha carreira. Muito, muito grande.

Você já excursionou com muitas bandas. Com quais mais se divertiu?
Às vezes é bem divertido. Quando saí em turnê com o Motley Crew, com o Def Leppard… Na época do Black Sabbath, o Kiss abriu para nós, também. Enquanto elas querem se divertir, é bom para mim também.

O metal mudou muito em termos de som e estilo durante os anos 80. O que você achava disso na época?
Isso coincidiu com os meus primeiros discos solos. Mas não é algo que eu pensava a respeito. Eu sempre tive que gostar da minha música em primeiro lugar, sem me importar com o que outras pessoas achavam. Se gostarem, é um bônus, mas eu faço para mim mesmo.

O Black Sabbath gravou um disco novo em 2013, mas já vinha tocando junto desde 1997. Por que um intervalo tão grande?
Nós tentamos antes, mas não funcionou. Nós já estamos velhos, e Bill Ward, o antigo baterista, teve alguns problemas, então tínhamos que substituí-lo. Mas em algum momento decidimos que era “agora ou nunca” e resolvemos gravar o álbum. Mas acredito que fizemos um ótimo trabalho no fim das contas.

Após tantos anos juntos, você consegue manter uma amizade com os outros caras da banda ou é uma relação profissional?
Ah, sim, eu mando mensagens de texto para Geezer e para o Tony para saber como eles estão. É difícil agora que ele está com câncer, mas eu espero que ele esteja bem.

Como foi a experiência de fazer um reality show ao lado da sua família?
Pensamos em retomar o programa em algum momento. Acho que ninguém esperava que fosse tão bem sucedido quanto foi. Algumas pessoas me diziam que eu tinha me vendido e esse tipo de coisa, mas não acredito nisso.



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