Num governo que enfrenta desafios monumentais, como a administração dos efeitos da Lava Jato, a rebelião permanente do PMDB e necessidade de criar condições para uma retomada econômica, a semana curta terminou com uma boa notícia: a crise da Petrobras pode estar perto do seu fim.

Na última quarta-feira, três boas notícias se somaram. A primeira foi o anúncio de que o balanço auditado da empresa será publicado ainda em abril. A segunda, o empréstimo de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China. A terceira, a resposta positiva do mercado financeiro, com a forte alta dos papéis da estatal. É um cenário bem diferente daquele que vinha sendo vendido pelos arautos do caos. Até recentemente, havia quem disseminasse a ideia de que uma empresa do porte da Petrobras não conseguiria publicar seu balanço, seria alijada do mercado financeiro e teria o vencimento
de suas dívidas antecipado.

Ao que tudo indica, nenhuma dessas profecias irá se realizar. Com isso, o novo presidente da empresa, Aldemir Bendine, pode estar perto de cumprir sua primeira tarefa: reconciliar a companhia com seus investidores. Passada a etapa do balanço, Bendine deverá também apresentar seus planos de médio e longo prazos para a empresa, ajustados à nova realidade do mercado internacional do petróleo.

Essa volta da Petrobras à normalidade é essencial não apenas para a economia, uma vez que a empresa é o principal motor dos investimentos no País, como também para a política. Boa parte do mau humor da população em relação ao governo Dilma tem também a
ver com o derretimento do valor da Petrobras, uma empresa com mais de 1 milhão de acionistas.

Se a empresa conseguir retomar a confiança dos investidores, haverá um contágio positivo em toda a economia. E nunca se deve perder de vista que, apesar de todos os escândalos recentes, a Petrobras está entre as empresas com maiores reservas no mundo e que vem batendo recordes sucessivos – o mais recente foi a produção de 737 mil barris/dia no pré-sal.