Inspirados em reportagens sobre o pantanal publicadas na ISTOÉ, estudantes da sexta série do Colégio Salesiano São Gonçalo, em Cuiabá (MT), enviaram à revista dezenas de postais, feitos por eles mesmos, destacando a beleza natural da região e alertando sobre a necessidade de sua preservação. Toda essa produção artesanal faz parte do Projeto Pantanal, criado há três anos pela escola com a finalidade de conscientizar os adolescentes. É também o resultado da vivência dos alunos. Duas vezes por mês, eles deixam a escola, acompanhados de professores, biólogos e guias de turismo, para aulas práticas sobre o meio ambiente. De barco pelos rios Cuiabá, Mutum e a Baía de Siá Mariana, no coração do Pantanal, vão identificando os peixes, animais, plantas aquáticas, aves e as vegetações típicas da região. “Anotamos tudo e tiramos nossas dúvidas ali mesmo. É uma aula diferente. Cheia de novidades”, conta a estudante Monique de Paula Faria, 11 anos.

Essas “viagens de estudo”, como são chamadas pelos professores, acontecem em três ciclos. Durante a cheia, quando os rios transbordam, a vegetação muda e os animais aparecem menos. Na vazante, período em que as águas começam a escoar e os animais são vistos com mais frequência. E durante a seca, quando a vegetação aparece e as aves e os animais estão em toda a parte. Essas visitas permitem que os estudantes conheçam as várias formas de vida e o comportamento dos animais. Para a psicopedagoga Elenir Proença, essas atividades extraclasse acirram o interesse dos alunos. “Muitos sentem dificuldades em algumas disciplinas. Mas, nessas viagens, eles se mostram muito interessados e participam com entusiasmo. Há uma interação total entre o meio ambiente e os estudantes”, acredita Elenir.

Os moradores da região também são tema de estudo dos alunos do Colégio Salesiano. Através de entrevistas, os jovens descobrem os costumes, a cultura e as tradições da região. Os nativos moram em pequenas comunidades como a Cuibá-Mirim e sobrevivem com recursos tirados da natureza. Os estudantes também fazem comparações da vida urbana com a das comunidades pantaneiras. “São pessoas simples que têm um modo de vida bem diferente do nosso. Vivem da pesca e buscam na natureza tudo o que precisam para viver”, explica o estudante Ruan Gubolim Batista, 12 anos. O sucesso do projeto levou o colégio a criar um jornal mensal, no qual os estudantes relatam as experiências e descobertas feitas durante as viagens. Daí para a criação dos postais foi um pulo. “Os alunos já enviaram postal até para o presidente Fernando Henrique. Eles querem chamar a atenção das autoridades para que criem programas efetivos de preservação do meio ambiente”, diz a professora Derly da Silva, vice-diretora do ensino fundamental do colégio.