Dois trechos da autobiografia do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, 80 anos, ex-arcebispo de São Paulo de 1970 a 1998. O livro chama-se Da esperança à utopia, testemunho de uma vida (Editora Sextante).

Repressão – “Todos se retiraram, e eu me aproximei do cadáver (o operário Santo Dias da Silva, morto em 1979 pela repressão da ditadura), colocando o dedo indicador dentro da ferida e rezando o pai-nosso, olhando ao mesmo tempo para Deus e para mais ou menos uma dúzia de delegados que me assistiam naquele momento. Ao ver Ana, a esposa, entrando, falei aos funcionários da polícia: ‘Vejam o que vocês fizeram!’”

Teologia – “Na última visita que fiz como arcebispo a Roma, fui chamado pelo cardeal Casaroli, secretário de Estado do Vaticano, para uma conversa particular em que ele me disse (…) ‘Senhor cardeal, desde a primeira congregação romana (…) até chegar a meu gabinete, o seu nome é tão temido em Roma que, ao som dele, arrepiam-se todos os pêlos do braço´”