Uma investigação realizada por cientistas do Massachusetts Institute of Technology deixa claro que não há uma idade única na qual a inteligência se manifeste em sua plenitude. Ao longo da vida, as diferentes capacidades cognitivas que a compõem se apresentam com maior ou menor intensidade, segundo a faixa etária. “Em qualquer idade, você está indo melhor em algumas habilidades, pior em outras e está experimentando o pico em determinadas capacidades”, disse o pesquisador Joshua Hartshorne, um dos coordenadores do trabalho.

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As conclusões são resultado de um estudo extenso que se baseou em dois bancos de dados: um formado a partir da comparação do desempenho de mais de três milhões de pessoas em jogos eletrônicos formatados pelos cientistas e, outro, composto pela análise mais detalhada de um grupo de 50 mil pessoas submetidas a testes de aferição de habilidades específicas. Entre os achados, estão o de que o auge da memória de curto prazo – usada para registrar informações que serão usadas imediatamente a seguir – se dá entre os 25 e 30 anos, enquanto a sensibilidade de perceber as emoções alheias está mais aguçada entre os 40 e 50 anos.

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Um dos desafios agora é entender os mecanismos que explicam essas diferenças. Acredita-se que por trás delas estejam mudanças genéticas e transformações na estrutura cerebral ocorridas com o passar do tempo. Na opinião da pesquisadora Laura Germine, co-autora do trabalho, uma das principais lições do trabalho é a de que focar a atenção em apenas um aspecto do funcionamento cognitivo – memória ou raciocínio, por exemplo – é um erro. “Você perde o quadro todo”, disse à ISTOÉ. “Mesmo que não nos consideremos tão rápidos em alguma coisa como éramos aos 18 anos, outras funções podem estar mais afiadas. As pessoas devem pensar menos no envelhecimento cerebral e mais no modo como nosso cérebro e a forma como experimentamos o mundo mudam. Não para pior, apenas de maneira diferente.”