15/03/2015 - 11:13
Os protestos contra o governo Dilma Rousseff (PT) tomam conta do País neste domingo. Grupos com propósitos e ideologias distintas – alguns defendem o impeachment da presidente, enquanto outros se mostram contrários a isso – e cidadãos sem qualquer ligação com movimentos políticos estão nas ruas das principais cidades brasileiras.
Dilma está reunida com os principais ministros do governo, em Brasília. Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência, deve se pronunciar sobre os protestos ainda na noite deste domingo.
Apesar de alguns poucos incidentes de agressão, as manifestações ocorrem de maneira pacífica. Confira:
São Paulo
Segundo a Polícia Militar, mais de 1 milhão de manifestantes fecham a Avenida Paulista, em toda a sua extensão, em protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff. De acordo com dados do Metrô, no auge do movimento, a cada 3 minutos, 4 mil pessoas chegavam à região. Todas as estações na avenida chegaram a ser fechadas devido ao grande número de pessoas. Segundo a Polícia Militar, essa medida foi adotada para evitar vandalismo. A maior concentração de pessoas acontece em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). A Praça Oswaldo Cruz também foi fechada. O tempo é chuvoso. A maioria das pessoas segue em direção ao Paraíso. Caso o número se confirme, esta será a maior manifestação da história de São Paulo.
Cerca de 40 caminhoneiros também subiram a Avenida Rebouças e, na chegada à Paulista, promoveram um buzinaço contra o governo federal. Nas últimas semanas, a administração Dilma precisou enfrentar greves e bloqueios de rodovias promovidos pelos caminhoneiros.
O impeachment divide os manifestantes na Paulista. Com dois carros de som, o Solidariedade defende a medida. O grupo Patriota, que levou 3 carros de som, defende o Fora Dilma e a Intervenção Militar. A maioria dos grupos, como Vem Pra Rua e Quero me Defender , advogam que ainda não há fundamento jurídico.
O partido Solidariedade convocou 100 militantes para colher assinaturas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Ninguém está ganhando nada. As assinaturas são simbólicas", disse o presidente estadual do partido, Davi Martins de Carvalho. Carros de som com o nome do partido tocavam músicas contra a Dilma. Canções marcantes na luta contra a Ditadura, como "Pra dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, mas com letras adaptadas. Uma das músicas chama a presidente de anta.
O senador Aloysio Nunes está na Avenida Paulista acompanhado da esposa, em meio aos manifestantes. Ele estava próximo ao carro de som do grupo "Vem pra rua" e minimizou a relevância da presença de grupos que pedem a intervenção militar, como apenas "gatos pingados que não têm relevância diante da manifestação". Ele também informou que a militância do PSDB está se reunindo em frente ao Colégio Dante Alighieri.
Candidato à presidência em 2014 pelo PV, o ex-deputado Eduardo Jorge está no protesto na avenida Paulista. Sobre o impeachment ele diz: "Não podemos fazer as coisas com atropelo".
Por volta das 16h, a Polícia Militar deteve um grupo que portava facas, socos-ingleses e bombas caseiras. Ostentando camisetas com a identificação dos "Carecas do Subúrbio", os membros dessa denominação foram hostilizados e correram risco de linchamento. Os demais manifestantes gritaram palavras de apoio à PM.
O Ministério da Justiça se pronunciou sobre as manifestações. A pasta publicou em suas principais redes sociais o banner “Discurso de ódio não gera mudanças”. A mensagem está no perfil oficial do Ministério da Justiça no Facebook e no Twitter e tem a hashtag “MenosÓdioMaisDemocracia”. “O discurso do ódio é usado para insultar, perseguir e justificar a privação dos direitos humanos. Já liberdade de expressão, é o direito de todos se manifestarem, mas não deve afrontar o direito alheio, como a honra e a dignidade de uma pessoa ou determinado grupo”, diz o ministério, por meio do Facebook. Em ambas as redes sociais, os internautas responderam com críticas.
O publicitário Hermes Gomes, de 33 anos, da União contra a Corrupção no Brasil, disse que a decisão foi por conta do sol forte e do horário da segunda manifestação do dia, na Candelária, no centro do Rio, às 14h.
"Ficou muito tarde, está quente demais, o pessoal precisa de tempo para descansar e se alimentar. A gente se surpreendeu, por ser a primeira manifestação, achamos que vinha a metade das pessoas que confirmaram presença no Facebook, ou seja, 25 mil. E a Polícia Militar afirmou terem sido 100 mil", disse Gomes.
Oficialmente, o dado da Polícia Militar ainda não foi divulgado. Policiais que acompanharam a manifestação endossam o cálculo de 100 mil manifestantes. A última estimativa da PM, divulgada no fim da manhã, era de 15 mil manifestantes.
Mais cedo, na zona sul do Rio, além da pista da Avenida Atlântica em direção ao centro, a passeata contra a presidente Dilma Rousseff ocupou no início da tarde deste domingo também o calçadão da praia de Copacabana e parte da pista em direção a Ipanema.
Os cartazes pediam desde intervenção militar à saída do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), taxado de "corrupto" em palavras de ordem. Os líderes do movimento do alto do carro de som gritaram que não querem "terceiro turno, somente a saída de Dilma".
Os manifestantes, em sua maioria, ao serem entrevistados pela reportagem, declaram ter votado em Aécio Neves (PSDB). A professora Fernanda Melo, de 34 anos, grávida de nove meses e com cesariana marcada para a semana que vem, foi uma das participantes. "Eu vim porque era uma oportunidade única para se livrar dos bandidos do Brasil. Quero a Dilma fora e não me importa quem vá governar", declarou Fernanda.
A fisioterapeuta Paula Rocha, de 39 anos, se disse "100% a favor da intervenção militar". "Quero a Dilma deposta a qualquer custo, qualquer meio", afirmou.
Integrantes do movimento estimam que 100 mil pessoas participaram da manifestação. Havia um cordão de isolamento que impedia que as pessoas invadissem as cúpulas do Senado e da Câmara, como ocorreu durante as manifestações em junho de 2013. Também não era possível chegar ao Palácio do Planalto, onde a presidente despacha durante a semana, e ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde serão julgados os políticos com foro privilegiado envolvidos nos processos da Operação Lava Jato.
Como último ato do protesto contra o governo, os manifestantes que ainda estavam na Esplanada dos Ministérios às 13h30 jogaram três mil rosas brancas no espelho d´água que fica em frente ao Congresso Nacional. Segundo um dos organizadores do movimento, as rosas brancas simbolizam o caráter pacífico das manifestações deste domingo. Alguns dos policiais militares que faziam o cordão de isolamento do Congresso também receberam flores dos manifestantes. Muitos ainda gritavam “Fora Dilma” e “Fora PT”, “Fora PT, leva Dilma com você”. Também cantavam “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. A organização do movimento informou por meio do carro de som que o acordo feito com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal é que a manifestação deveria ser encerrada início da tarde, e que qualquer tipo de ato isolado depois disso não teria respaldo da Polícia Militar. Por isso, os líderes do protesto orientaram as pessoas a voltarem para suas casas e evitarem qualquer tipo de confronto.
No começo da tarde, os manifestantes começaram a se dispersar. Alguns grupos se dirigiram à Praça da Savassi, região centro-sul, e outros para a Praça Sete de Setembro, no centro da cidade. A PM não registrou nenhuma ocorrência.
Rio Grande do Sul
Os manifestantes reunidos na capital gaúcha para protestar contra o PT e o governo da presidente Dilma Rousseff saíram por volta das 15h30 do parque Moinhos de Vento, depois de cantarem o hino nacional, começaram uma caminhada até o parque da Redenção, num percurso de cerca de 3 quilômetros.
O público é estimado em 100 mil pessoas pela Brigada Militar e de 60 mil pelos organizadores, do Movimento Brasil Livre. Entre os participantes há pessoas de todas as idades, desde crianças a idosos. Quase todos vestem verde e amarelo, e muitos carregam bandeiras do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Na linha de frente do grupo, manifestantes carregam uma grande faixa dizendo "fora Dilma". A todo instante entoam gritos como "esse País não é do PT, é de todos os brasileiros", "um, dois, três, Lula no xadrez" e "esta manifestação não é de nenhum partido, é de todos os brasileiros".
No carro de som que acompanha o cortejo, os organizadores, afirmaram que o ato não apoia uma intervenção militar. No meio dos manifestantes, no entanto, é possível encontrar uma minoria com cartazes que diziam "S.O.S forças armadas" e "intervenção militar já".
No trajeto entre um parque e outro, os manifestantes recebem apoio de inúmeros moradores que acompanham a passeata das janelas de prédios. Num trecho, os participantes pararam para vaiar dois moradores que tinham uma bandeira vermelha pendurada na janela.
Em todo o percurso o grupo é seguido de perto por um grande contingente da Brigada Militar, mas por enquanto toda a manifestação é pacífica.
Também há marchas em andamento no interior do RS, em cidades como Caxias do Sul e Santa Maria.
Paraná
Em Curitiba, ao menos 15 mil pessoas, segundo a PM, foram ao centro da cidade com faixas pedindo o impeachment da presidente Dilma e mensagens a favor da reforma política. Os protestos na Praça Santos Andrade ocorreram sem violência.
Goiás
Em Goiânia, ao menos 2 mil essoas participaram dos protestos contra o governo neste domingo. A Polícia Militar não registrou incidentes.
Ceará
De acordo com o coordenador do ato que pede o impeachment da presidente Dilma, Paulo Angelim, foram 10 mil pessoas presentes na Praça Portugal. A PM calcula 3 mil. Cerca de 100 policiais estavam de prontidão – destes, 30 na praça.
Depois de cantar o Hino Nacional, a manifestação desceu para a avenida Beira Mar.
Maranhão
A manifestação em São Luís reuniu cerca de 8 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia ainda não forneceu dados. Durante o protesto, empresários do ramo de combustíveis anunciaram que 244 postos de gasolina vão ficar fechados na região metropolitana de São Luis, durante esta segunda-feira (16).
Alagoas
Cerca de dez mil pessoas, segundo a Policia Militar de Alagoas, participaram nesta manhã, em Maceió, do ato contra a presidente Dilma Rousseff, organizado pelo movimento Brasil Livre. Com gritos de "fora Dilma" e pedidos de impeachment, os manifestantes percorreram 3 km pela orla da capital alagoana, terminando o ato com a execução do Hino Nacional Brasileiro.
Pará
De acordo com a PM, cerca de 7 mil pessoas participaram da manifestação que pede o impeachment da Presidente Dilma, em Belém. A caminhada teve de mudar o rumo novamente, quando se notou que o trio não poderia passar. A dispersão começou a partir das 11h, quando parte dos manifestantes seguiram no bairro de Nazaré e outra parte seguiu para o Reduto, como previamente acordado.
Amazonas
Um trio elétrico e dois carros de som movimentaram a manifestação contra o governo Dilma Rousseff na manhã deste domingo em Manaus, na avenida Eduardo Ribeiro. Até as 10h, a Polícia Militar estimou a presença de 12 mil pessoas no ato. No trio, havia um rodízio de pronunciamentos diante dos presentes. Entre eles, populares, professores e até uma venezuelana, que criticava o governo de Nicolas Maduro e o comparava a presidente brasileira.
Gritos de ‘fora PT’ e ‘vem pra rua’ foram os mais entoados. Em um dos carros de som, o empresário Jonhyelson Pimentel, 42, se pronunciava pelo grupo Movimento Brasil Melhor, que pedia a intervenção militar. "Todas as opções democráticas possíveis estão se esgotando e não podemos perecer num governo que vai implantar um ditadura comunista no país", defendeu. De baixo de chuva, os manifestantes deixaram a avenida Eduardo Ribeiro e se dirigiram a avenida Djalma Batista, uma das principais da cidade, por volta de 10h30. O ato será encerrado em um trecho na metade da via que liga ao centro da cidade.
Sergipe
A Polícia Militar estima que 1,1 mil pessoas compareceram à manifestação contra o governo Dilma na manhã deste domingo, 15, em Aracaju. Por volta do meio-dia, manifestantes cantaram o Hino Nacional e saíram em passeata pela orla de Aracaju. O dentista Samuel Andrade Teles segurava um cartaz com a bandeira brasileira de cabeça para baixo, desenho feito pela filha de sete anos. Segundo ele, é desta maneira que a menina vê o país atualmente. Teles ressaltou que pintou o rosto hoje em alusão a 1992, quando ele também foi um "cara-pintada" e foi às ruas pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor.