Pela segunda vez em poucos dias, ocupamos as manchetes dos jornais internacionais. E por nada de que possamos nos orgulhar. Na última semana, os redatores do Jornal de Notícias, de Lisboa, chocados com o macabro assassinato de seis turistas portugueses em Fortaleza, rechearam o noticiário sobre o massacre com citações da ONU a respeito da preocupante banalização da violência no Brasil. “Um país habituado a lidar com o crime” foi o título da reportagem contando a história do português que atraiu seus compatriotas para o Ceará e, com a ajuda de brasileiros, espancou e enterrou vivos todos os seis turistas.

Na quinta-feira 30, outra vez a imprensa mundial abriu espaços generosos para o Brasil. E, de novo, por nada que nos engrandeça. O sequestro do apresentador Silvio Santos, proprietário da rede de televisão SBT, durou sete horas, parou o País e trouxe a recorrente sensação de medo e insegurança a todos os brasileiros. A esses sentimentos junta-se também o da vergonha. Graças à incompetência, à corrupção, à exclusão social e à omissão, já ocupamos, segundo a cobertura da rede britânica BBC dada ao caso, o quarto lugar na lista dos países onde mais se realizam sequestros no planeta. Temos a desonra de também ostentar uma das maiores frotas de veículos blindados do mundo e de ocupar, no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, o vexatório 69º lugar, atrás de países como Chipre, Barbados, Suriname e Macedônia. Isso não pode continuar. Não dá mais para suportar.