Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, um caso que chocou o mundo há dois anos voltou a ser motivo de debate internacional. Na terça-feira, 3, um tribunal de Nova Déli, na Índia, emitiu uma ordem proibindo a exibição do documentário “India’s Daughter” (“Filha da Índia”) nas redes de televisão do país. O filme, previsto para ser exibido em diversos países no domingo 8, conta a história da estudante de medicina Jyoti Singh Pandey, que morreu aos 23 anos após ser vítima de um estupro coletivo em um ônibus na capital indiana, em dezembro de 2012. A brutalidade do ataque à jovem gerou uma onda de protestos por dezenas de países, e especialmente na Índia, forçando o governo a endurecer as penas por crimes sexuais. A decisão de proibir a exibição do filme, no entanto, demonstra o quanto a questão de igualdade de gêneros ainda precisa ser discutida naquele país que, apesar de ser uma das maiores democracias e economias do mundo, sustenta a hedionda marca de uma mulher estuprada a cada vinte minutos, segundo estatísticas oficiais.

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COMOÇÃO
O crime hediondo gerou protestos na Índia e ao redor do mundo

A justificativa da corte de Nova Déli para proibir o documentário, dirigido pela britânica Leslee Udwin e exibido originalmente na rede BBC, foi o fato de ele conter declarações que podem “criar tensões e problemas de ordem pública”. Uma dessas declarações é a de Mukesh Singh, motorista do ônibus onde a universitária foi violentada e um dos cinco condenados à morte pelo ataque – o sexto homem que estuprou Jyoti era menor de idade, e por isso, não será executado. No filme, Singh chega ao absurdo de dizer que “quando está sendo estuprada, a mulher não deve lutar, deve apenas ficar em silêncio e permitir o estupro”. O ministro para Assuntos Parlamentares, Venkaiah Nahdu, considerou a produção uma “conspiração internacional para difamar a Índia”, e disse querer banir o documentário também em outros países. Na quinta-feira, 5, no entanto, “India’s Daughter” foi publicado no YouTube. 

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TESTEMUNHO
A diretora Leslee Udwin, que entrevistou um
dos condenados pelo estupro da universitária indiana