Dalton Avancini e Eduardo Leite, presidente e vice-presidente da Camargo Corrêa, foram os primeiros executivos de uma das grandes empreiteiras do País a fazer acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato. Presos desde 14 de novembro, eles poderão deixar a carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) nas próximas semanas, logo que o acordo seja homologado pelo juiz Sérgio Moro. E a expectativa entre os responsáveis pelas investigações é a de que a partir da liberdade deles outros diretores de grandes construtoras resolvam colaborar. Diferente do que ocorreu nas delações feitas anteriormente (leia quadro nessa página), os procuradores e delegados da Lava-Jato que formularam o acordo com os diretores da Camargo Corrêa não privilegiaram a busca de informações que levem aos nomes de políticos e agentes públicos envolvidos no esquema do Petrolão. O objetivo principal dos procuradores, agora, é reforçar as provas sobre um provável cartel formado pelas empreiteiras para fraudar licitações e superfaturar contratos. Nesse sentido, mais do que envolver novos personagens no propinoduto instalado na Petrobras, os procuradores têm especial interesse em conhecer os detalhes sobre os principais contratos da empresa com o poder público, independentemente de estarem ou não relacionados à estatal do petróleo.

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EM BUSCA DA LIBERDADE
Depois do acordo, Avacini (acima) e Leite podem deixar
a prisão ainda nas próximas semanas

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Antes mesmos dos primeiros depoimentos oficiais, ainda na semana passada, Avancini e Leite fizeram chegar aos procuradores que estão dispostos a revelar a existência de conluio entre as maiores construtoras do Brasil nas obras de Belo Monte e Jirau. Sobre elas, os executivos deverão contar detalhes de reuniões que antecederam a concorrência pública e revelar como foi feito o acerto do preço a ser cobrado do governo. O que mais surpreendeu os procuradores, no entanto, foi a possibilidade de os executivos da Camargo Corrêa esmiuçarem os bastidores das licitações e contratos feitos para a construção da usina de Angra 3. Um dos procuradores ouvidos por ISTOÉ na última semana disse acreditar ser essa a porta de entrada para um dos setores onde os contratos são tratados com maior sigilo e, portanto, mais suscetíveis a acertos que possam prejudicar os cofres públicos.

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Embora não esteja entre as premissas informalmente pré-estabelecidas para que o acordo venha a ser acatado pelo juiz Sérgio Moro, os procuradores da Lava-Jato também deverão ouvir dos executivos da Camargo Corrêa detalhes sobre a transferência de recursos superfaturados de obras públicas para empresas indicadas pelo ex-ministro José Dirceu. O ex-ministro já admitiu ter recebido dinheiro da Camargo Corrêa e de outras construtoras, mas explicou que se tratavam do pagamento a serviços de consultoria prestados por sua empresa às empreiteiras que buscavam mercados no Exterior. Na quarta-feira 4, um dos procuradores da Lava Jato soube que nos depoimentos que farão, Avancini e Leite contarão uma nova versão para explicar a remessas feitas a Zé Dirceu.

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Fotos: PauloLisboa/Brazil Photo Press/AE; Silvia Costanti/Valor 


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