O câncer de mama é uma das doenças que mais assustam as mulheres no mundo. No Brasil, o mal é o maior causador de morte na população feminina, entre todos os tipos de tumores. Para mudar esse cenário, a ciência investe em estudos que envolvem diversos centros. O resultado de um deles foi apresentado recentemente em São Paulo. O inglês Anthony Howell e mais cientistas de 20 países – entre eles o oncologista Artur Malzyner, de São Paulo – compararam as drogas anastrozol (nome comercial Arimidex) e tamoxifeno (nome comercial Nolvadex), ambas do laboratório AstraZeneca, para verificar qual delas seria mais benéfica às pacientes. “O anastrozol causou menos efeitos colaterais nas voluntárias” , afirma.

O trabalho multicêntrico avaliou 668 mulheres, com idade média de 68 anos, durante 17 meses. Todas estavam na pós-menopausa, período em que cessa totalmente a menstruação, em geral por volta dos 50 anos. Algumas delas já tinham feito cirurgia para retirada de tumor. As duas drogas foram dadas para manter a doença sob controle. Uma parte do grupo tomou diariamente o anastrozol enquanto a outra, o tamoxifeno. A pesquisa revelou que quem usou o anastrozol teve cerca de 50% menos dos chamados fenômenos tromboembólicos, efeitos colaterais que acontecem em alguns casos. Um deles é a trombose venosa profunda, mal causado pela formação de coágulos (trombos) nas veias das pernas, por exemplo, que dificultam a circulação do sangue e provocam inchaço. É um risco que deve ser levado em conta. Isso porque há chance de a pessoa morrer por falta de ar (se o coágulo migrar até uma artéria do pulmão, bloqueando-a).

O oncologista Malzyner explica que o anastrozol tem menos riscos de provocar a trombose, pois a droga contém menos substâncias coagulantes do que o tamoxifeno. “O benefício pode parecer pequeno, mas ele ajuda a melhorar a vida do paciente”, completa. A dona-de-casa Miriam Borello, 69 anos, de São Paulo, concorda com o especialista. Em 1998, ela entrou no estudo da droga, três anos depois de ter retirado um tumor. “Antes minhas pernas viviam inchadas. Agora, não tenho mais o problema”, garante.

Há mais uma vantagem atribuída ao medicamento. O trabalho constatou que o Arimidex não causou tanto sangramento vaginal quanto o Nolvadex, um sintoma comum às usuárias. Ainda não se sabe por que isso ocorre. “Por esses motivos, o anastrozol é mais uma opção interessante na luta contra o câncer”, atesta o oncologista Gilberto Scwartsmann, de Porto Alegre.

Prevenir é vital

Foi lançada na semana passada a terceira etapa da campanha de prevenção da doença feita pelo Hospital do Câncer, de São Paulo. Desta vez o foco do programa está no câncer de colo de útero, o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres. Uma das peças do trabalho é um comercial que mostra o nascimento de uma criança (foto). O filme procura transmitir à população a idéia de que a vida começa no útero e por isso ele precisa de muitos cuidados. Usar camisinha para evitar o contágio pelo papiloma vírus humano (HPV) por meio de relações sexuais é um deles. Alguns tipos desse microorganismo são responsáveis por mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero. O comercial fala desse risco e lembra que quanto antes o problema for diagnosticado, maiores as chances de cura. A campanha, criada pela agência J. W. Thompson, ressalta a importância do acompanhamento ginecológico.