Cada dia mais branco, mais esquisito, mais transfigurado e menos interessante, Michael Jackson foi contratado pela igualmente combalida Nasdaq, a Bolsa que negocia os principais papéis de tecnologia americanos, para um evento de marketing tão americano quanto o hambúrguer e a Coca-Cola. Jackson, de longos cabelos negros escorridos, participou quinta-feira 30 da abertura da Bolsa, num esforço conjunto para melhorar as respectivas imagens.

Jackson usa a Nasdaq para divulgar os shows que fará neste mês de setembro no Madison Square Garden, a primeira apresentação ao vivo nos Estados Unidos em 11 anos. A Nasdaq, por sua vez, usa Jackson para tentar apagar a imagem provocada pela derrocada das empresas de tecnologia, confiando que o “rei do pop” dará à Bolsa uma publicidade gratuita valiosa e que ele ainda representa a inovação e criatividade que coincidem com seu perfil.

Alguns analistas americanos definem a promoção como extraordinária. Outros temem seu retorno porque acham que a carreira do cantor empacou e, em vez de somar pontos à imagem desgastada da Bolsa, Jackson poderá piorá-la ainda mais, principalmente pelo risco de sua credibilidade ser questionada. A suspeita é de que Michael Jackson, que fez 43 anos na véspera do evento na Bolsa, não seja mais Michael Jackson.