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A crise instalada entre Planalto e Congresso segue contaminando o humor dos mercados domésticos e levou o dólar à vista a ultrapassar os R$ 3,00 na sessão desta quinta-feira, 5, em meio ao risco de que a disputa política ameace a implementação das medidas de ajustes fiscal propostas pelo governo. No exterior, o forte viés de alta para a moeda americana também contribuiu para a trajetória de valorização da divisa por aqui. Além disso, segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a atuação de especuladores influenciou o movimento da moeda americana, em uma tentativa de testar a disposição do Banco Central de intervir no mercado via leilões, com o objetivo de conter a disparada.

A moeda norte-americana fechou a quinta-feira em alta de 1,03%, a R$ 3,012 na venda. É a primeira vez que o dólar rompe a barreira dos R$ 3 desde agosto de 2004. Em quatro dias, a moeda norte-americana acumula valorização de 5,44%. Em casas de câmbio de São Paulo, a moeda para turistas já é vendida a mais de R$ 3,37. 
 
No exterior, o euro caiu abaixo de US$ 1,10 nesta tarde, pela primeira vez desde 5 de setembro de 2003, influenciado pelas expectativas com o início do programa de relaxamento quantitativo – conhecido como QE – do Banco Central Europeu (BCE). Hoje, Mario Draghi, presidente da instituição, afirmou que as compras de bônus soberanos terão início da próxima segunda-feira. No fim da tarde, o euro recuava para US$ 1,1027.
 
A crise instalada entre Planalto e Congresso ganhou um novo capítulo hoje, na primeira sessão da CPI da Petrobras. Isso porque a comissão é presidida por Hugo Motta (PMDB-PB), que é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos nomes que vazaram da Lista do Janot. Em represália, Cunha estaria por trás das medidas aprovadas nesta manhã durante a CPI, todas desfavoráveis ao PT e ao governo federal.
 
Nesta tarde, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu representantes da Standard & Poor’s. Ele tentou convencer os integrantes da agência de que, apesar da falta de apoio da base aliada, a meta de superávit primário de 1,2% do PIB este ano será entregue e que os riscos relacionados à Petrobras e ao abastecimento de energia estão controlados.
 
Ainda em Brasília, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta tarde a abertura de inquérito contra cerca de 45 parlamentares com mandato, conforme apurou o Broadcast. Na última quarta-feira, a PGR enviou ao Supremo 28 pedidos de abertura de inquérito envolvendo 54 investigados com ou sem foro. Da lista de pedidos de abertura de inquérito vazaram os nomes do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); dos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ); Gleisi Hoffmann (PT-PR); Romero Jucá (PMDB-RR); Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Collor (PTB-AL).