Há dez anos, o império do bumbum reinava absoluto no Brasil. Aos poucos, os seios avantajados, preferência tipicamente americana, foram ganhando terreno e, nos últimos cinco anos, desembarcaram no País com força total. Os consultórios de cirurgia plástica lotaram, com mulheres ávidas em acrescentar à silhueta próteses de silicone. Foi a fase áurea de Gisele Bündchen. Foi, ainda é, mas começa a deixar de ser. A modelo Mayana Moura, carioca de 18 anos, uma das queridinhas do badalado fotógrafo de moda Mário Testino, já desponta como o new look do momento. Não apenas pelo seu jeitão punk, já batizado por Testino de “nova Garota de Ipanema”, mas sobretudo pelos seios quase retos, que se resumem a 83 centímetros, manequim entre 36 e 38. “Nos desfiles lá de fora, ninguém mais tem peitão. Minha aparência abre muitas portas”, festeja Mayana.

Por causa do seu jeito despojado, a modelo não quis mudar o seu visual. Deu sorte. Do contrário, hoje seria mais uma modelo de seios grandes, estilo em baixa nos grandes desfiles internacionais. Os estilistas brasileiros não admitem que o reinado dos peitões esteja em via de extinção, mas concordam que, onde há fumaça, existe fogo. “Não mudou ainda, mas vai mudar”, teoriza Lenny Niemeyer, que assina uma das mais importantes grifes de moda de praia do Rio. “Temos modelos que ficam lindas com tops mais retos”, observa. Para o estilista Amaury Veras, dos couros Frank & Amaury, a questão é mais complexa. Ele fixa o novo século como o fim dos tempos dos conceitos preestabelecidos. “Festejamos a liberdade. Não tem mais míni, máxi, cor, peito grande ou pequeno. Deixamos de ser escravos das ditaduras”, profetiza. Para Carlos Henrique Cruz, o Ike, diretor da agência Mega, no Rio, a moda dos seios grandes não acaba por causa das campanhas publicitárias, mas perde a sua força. “O que vai acabar é a imposição”, faz coro.

Se nas passarelas a tendência é cada vez mais nítida, o mesmo não se pode dizer dos consultórios. No mês passado, na Clínica Interplástica, onde operam alguns dos melhores cirurgiões plásticos do Brasil, foram feitas 200 cirurgias. A metade delas, próteses de mama. O diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Farid Hakme, conta que esteve recentemente na França para fazer um implante de silicone e no próximo mês vai a um congresso em Buenos Aires para ensinar aos argentinos as mais modernas técnicas de prótese de mama adotadas pelos brasileiros. “São mais de 300 cirurgias dessas por ano”, contabiliza. Embora aumentar seja mais fácil, Farid acende uma luz no fim do túnel para quem vier a fazer o movimento inverso, de retirar os implantes. “O melhor é diminuir o tamanho da prótese. Se a mulher for jovem, nem é preciso fazer qualquer tipo de ajuste na pele”, tranquiliza.