Candidato à presidência do PMDB, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) radicalizou. Na terça-feira 28, de forma inédita, ele acusou os ministros Eliseu Padilha, Ramez Tebet e Ovídio de Angelis, de seu próprio partido, e o presidente Fernando Henrique de aliciarem convencionais do PMDB para garantir a vitória do deputado Michel Temer (SP) na convenção do dia 9. Maguito discutiu com o senador Pedro Simon (RS), que criticou a exposição de problemas internos do PMDB. Também deu entrada com ação no Tribunal Superior Eleitoral e no Ministério Público, acusando os ministros peemedebistas e FHC de improbidade administrativa e corrupção. Apesar de tudo, Maguito ainda acha que vencerá a convenção do partido.

ISTOÉ – Por que o sr. decidiu lançar-se candidato?
Maguito Vilela – O ex-presidente Itamar nos alertou que o governo “jogaria pesado” para impedir sua vitória e desistiu. Achei que conseguiria uma disputa limpa, mas o governo apelou. Ministros como Eliseu Padilha, Ramez Tebet e Ovídio de Angelis passaram a percorrer o País, aliciando companheiros do PMDB. Consegui provas dessas ações e entrei na Justiça.

ISTOÉ – O sr. fala em provas de aliciamento e uso da máquina. Quais são essas provas?
Maguito – Em apenas dois dias, o secretário Ovídio de Angelis liberou R$ 85 milhões em verbas para deputados do PMDB mudarem seus votos. Isto é mais dinheiro do que havia sido liberado durante todo o ano. No Ceará, depois de um jantar em Fortaleza com o Padilha, três convencionais, os deputados Mauro Benevides, Pinheiro Landim e Marcelo Teixeira, da minha chapa, retiraram seus nomes. Se isso não é aliciamento, é o quê?

ISTOÉ – O sr. também partiu para o ataque da tribuna do Senado.
Maguito – Claro. O Senado e a Nação precisavam saber dos crimes cometidos por esses ministros. São atos que mancham a história do PMDB.

ISTOÉ – O senador Pedro Simon o criticou, achando que problemas do PMDB deveriam ser debatidos dentro do partido.
Maguito – O senador Simon é uma pessoa com uma história de dignidade e grandes serviços ao País. Acho que mostrei a ele que estava fazendo um serviço ao PMDB. Mais tarde, ele reconheceu que as denúncias eram verdadeiras.

ISTOÉ – O sr. quer adiar a convenção marcada para o dia 9. Como pretende conseguir isso?
Maguito – A pedido de Mauro Benevides, convoquei para quarta-feira 5 o Conselho Político do PMDB para decidir. Se a data for mantida, vamos à convenção. Tenho recebido muitas manifestações de apoio e sei que as bases do partido querem a candidatura Itamar.

ISTOÉ – O deputado Michel Temer afirmou a ISTOÉ que é a favor da candidatura própria. Ele está sendo sincero?
Maguito – Não acredito. Se ele pensasse mesmo desse modo, teria confirmado para o mesmo dia 9 a escolha do candidato do PMDB e o rompimento do partido com o governo. Pode até ser que ele pense assim, mas não tem força para fazer isso.

ISTOÉ – O sr. ainda acha que tem chances de vencer?
Maguito – Sim. Muitos convencionais já estão mudando de posição, depois das denúncias que fiz no Senado. O País todo sabe que o PMDB hoje é um partido subserviente ao governo federal. E as bases não querem isso. Esse grupo que apóia o governo está iludindo até o presidente. Dizem que têm votos, mas nenhum deles se elege, por exemplo, governador.