Ricos e com muito tempo livre, o baixista Bill Wyman, um dos fundadores dos Rolling Stones, grupo que deixou em 1993, e o baterista Ringo Starr, um beatle até o fim da banda, em 1970, resolveram se divertir confirmando a suspeita de que alegria de inglês é tocar música americana. Os dois estão lançando seus respectivos álbuns repletos de canções com todos os toques que empurraram suas carreiras. Groovin’ é o terceiro trabalho dos Bill Wyman’s Rhythm Kings, um amontoado de amantes de rhythm and blues reunidos em torno do músico, que, além de repaginar clássicos do gênero na linha de I put a spell on you, de Jay Hawkins, se dá ao luxo de compor como se tivesse nascido em Chicago. Mais uma vez o grupo básico – Wyman (baixo), Beverley Skeete (vocais), Terry Taylor (guitarra) e Graham Broad (bateria) – conta com convidados ilustres. Entre outros, os tecladistas Georgie Fame e Gary Brooker e os guitarristas Albert Lee e Mick Taylor, este também um ex-stone.

Igualmente de participação em participação, com uma pequena ajuda dos amigos, Ringo Starr montou a sua All Starr Band, na qual o único músico fixo é ele mesmo. The anthology… so far traz três CDs com gravações ao vivo realizadas entre setembro de 1989 e junho do ano passado. Além do repertório clássico da época em que era um dos cabeludos de Liverpool – Yellow submarine, Honey don’t‚ I wanna be your man –, e de sua fase solo, o charme do disco são os ídolos fazendo covers de si próprios. Gary Brooker, vocalista e tecladista do Procol Harum, canta A whiter shade of pale, Peter Frampton torna palatável o megassucesso Show me the way e Jack Bruce, do Cream, levanta o auditório com a eterna Sunshine of your love. E onde mais membros de conjuntos extintos como The Band, The Eagles, The Who e Bachman – Turner Overdrive tocariam juntos e felizes? Só mesmo o simpático Ringo Starr para reunir tantos dinossauros num ambiente de completa harmonia. De dino em dino uma curiosidade une ainda mais os discos de Wyman e Ringo: a música Groovin’ aparece em ambos. Só que no CD de Ringo ela é cantada pelo seu criador, Felix Cavaliere, tecladista dos Young Rascals. Alguém se lembra deles? Pois Bill Wyman não só se lembrou como batizou seu trabalho com o nome da música, por pura curtição.