Com duas balas na cabeça, Pedro Correia, 43 anos, ainda raciocinou: se me finjo de morto, posso tentar escapar. O mais incrível é que Pedro pensou nisso quando o cobriam com terra e já colocavam uma fina laje sobre o seu corpo numa cova rasa do cemitério público do Caju, no Rio de Janeiro. Era a noite da segunda-feira 27 e foram os seus próprios agressores que o sepultaram. Pedro ficou imóvel e deixou que eles acabassem o trabalho de coveiros. Doze horas depois, em plena luz do dia, Pedro conseguiu escapar. “Quando tive a certeza de que não havia ninguém por perto, consegui levantar a laje. Todo o tempo eu respirei com muita dificuldade”, disse ele. Ao sair da cova com o rosto desfigurado, Pedro começou a pedir socorro. Mas quem deparava com ele saía correndo e gritando: “Fantasma! Fantasma!” Pedro foi cambaleando por cerca de um quilômetro até entrar no hospital Ferreira Machado.