"Abra a porta senão a gente vai arrombar!"

"Se vocês me matarem, saibam que estou no telefone com uma juíza (Telma Brito, de Salvador). Juíza, a polícia está aqui, está atirando e quer me matar!"

Foi com esse telefonema que, na manhã de domingo 19, de camisola, ao lado dos filhos de 18 e 15 anos, a juíza Olga Regina Guimarães, 41 anos, titular da Vara Criminal de Juazeiro (BA), se salvou. Um bando de 50 policiais civis e militares, vários deles encapuzados, arrombou a porta, metralhou paredes e matou sua cadela de estimação. Comandada pelo delegado José Alberto Braga – desafeto da juíza desde que ela denunciou policiais exterminadores, como mostrou ISTOÉ em julho -, a invasão tinha como pretexto prender seu marido, Balduíno Dias de Santana que, dois dias antes, agrediu Antônio Luciano de Assis, um promotor que criticava Olga. A polícia invadiu a casa sem ordem judicial ou mandado de prisão contra Balduíno, acusado de lesão corporal, crime afiançável. Ele tinha um habeas-corpus preventivo e um salvo-conduto. ISTOÉ procurou o comando da polícia, que não se manifestou. "Eles armaram o cenário para me matar", acusa Olga, que fotografou a invasão.