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Uma manifestação de caminhoneiros na Via Anchieta fechou a entrada e a saída do Porto de Santos e, por volta das 17h, causava filas na rodovia entre os quilômetros 64 e 61, nesta terça-feira (24).

Segundo a Ecovias, concessionária responsável pela estrada, o protesto foi iniciado por volta das 14h.
 
As manifestações dos caminhoneiros, que pedem reajuste no valor dos fretes e questionam a alta nos preços do diesel, afetaram dezenas de rodovias federais em oito Estados brasileiros, nesta terça-feira.
 
Na Ceagesp (SP), técnicos calculam uma redução de 10% nas frutas oriundas da região Sul do País. No Paraná, algumas cidades enfrentam falta de combustível e, em outras, elevação de preços – postos em cidades menores, sobretudo no Sudoeste do Estado, chegaram a vender o litro da gasolina a R$ 5.
 
Produtores paraenses reclamam que sem o combustível, o fornecimento de ração para aves pode ser interrompido. "As aves vão morrer de fome e não tem combustível nem para fazer vala para enterrar os animais", queixou-se Amarildo Brustolin, integrante da Comissão de Avicultura da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
 
O diretor do Sindicato dos Combustíveis do Paraná, Walter Venson, admite que há falta de combustível, mas garante que não é algo generalizado. "Está causando um incômodo. Mas ainda não há falta generalizada, só em alguns postos", disse. "O sindicato é contra isso (gasolina a R$ 5). Se alguém fez isso, não é filiado ao Sindicombustível. Se isso realmente ocorreu, foram poucas situações no interior", argumentou.
 
Protesto de caminhoneiros afeta transporte de carne e leite em SC, diz Faesc
 
Os protestos de caminhoneiros e transportadores comprometem a circulação de produtos do campo e de remessas de insumo no oeste de Santa Catarina. De acordo com a Federação da Agricultura do Estado (Faesc), pelo menos cinco frigoríficos devem paralisar atividades nesta terça-feira, 24, por conta da situação.
 
De acordo com o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, os motoristas estão impedindo a circulação de caminhões com insumos para a agroindústria. A entidade estima que os bloqueios em rodovias na região afetem o transporte diário de 3 milhões de frangos, 6 milhões de litros de leite e de 20 mil suínos, prejudicando a economia local.
 
A Faesc alerta que há um grande risco de que a falta de ração no campo comprometa as condições sanitárias de Santa Catarina – único Estado do País declarado área livre de febre aftosa sem vacinação.
 
Nesta terça-feira, Pedrozo fez um apelo para que os caminhoneiros encerrem as manifestações. Segundo ele, as associações do setor primário apoiam formalmente os protestos, mas a paralisação tem prejudicado diretamente os produtores rurais.
 
Greve de caminhoneiros provoca falta de combustível no MT
 
Os bloqueios em rodovias de MT organizados por caminhoneiros causam prejuízos em postos de distribuição de combustíveis e prejudicam escoamento de safra. É o sétimo dia de protestos contra aumento do diesel, redução no valor do frete e contra a lei do caminhoneiro.
 
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios acontecem em trechos das duas principais rodovias federais no estado, a 163 e a 364 que cortam o estado e dão acesso ao terminal ferroviário da América Latina Logística (ALL) em Rondonópolis e aos portos de Santos (SP) e Santarém no Pará.
 
Diesel
 
O Sindicato dos Postos de Combustíveis e Distribuidoras de Mato Grosso informou hoje que alguns postos no interior já sentem efeito dos bloqueios e que já começa faltar diesel em alguns estabelecimentos da Região Norte. Segundo o empresário Jonas de Paula, proprietário da Transportadora Revendedora e Retalhista (TRR), o óleo diesel para venda no atacado acabou no último sábado. A expectativa segundo ele é que os 30 mil litros de combustível para venda acabem nesta terça-feira.
 
Os caminhoneiros intercalam os bloqueios com liberação das rodovias. O protesto é iniciado por volta das 8 horas da manhã, suspenso entre 13h e 14h e finalizado somente às 18 horas. Segundo a PRF, neste período, filas quilométricas são formadas ao longo das rodovias.
 
Por telefone a PRF informou que dez trechos das BRs 364 e 163 estão bloqueados, nesta terça. Ainda de acordo com o órgão, alguns motoristas não suspenderam as manifestações durante a noite de ontem e a madrugada de hoje na região urbana de Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Diamantino e fez com que muitos caminhões com carga não tenham chegado ao destino final. Diamantino, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, ao norte do Estado, ficam na região de maior produção de grãos.
 
Produção afetada em MG
 
A greve dos caminhoneiros chega ao quarto dia e afeta a produção e o abastecimento de algumas regiões do País. Em Betim (MG), a Fiat dispensou 6 mil funcionários dos dois primeiros turnos pelo segundo dia consecutivo. Os manifestantes protestam contra o aumento do preço do diesel e o baixo valor dos fretes nas viagens.
 
Considerando que a planta produz aproximadamente 3 mil carros diariamente, a paralisação dos dois turnos faz com que pelo menos 2 mil veículos deixem de ser produzidos por dia. Nesta segunda-feira, 23, cerca de 6 mil trabalhadores do segundo e do terceiro turnos já tinham sido liberados. Segundo a Fiat, eles estão sendo dispensados porque o protesto impediu que as autopeças e componentes utilizados na fabricação de veículos chegue no horário programado.
 
A fábrica de Betim está localizada na BR-381 (rodovia Fernão Dias), principal ligação entre São Paulo e Belo Horizonte. A unidade fica em uma região de alta concentração industrial, próxima à refinaria Gabriel Passos da Petrobrás.
 
A Fiat afirma que está monitorando o protesto, "na expectativa de que a situação se normalize", para decidir quando os trabalhadores devem voltar. A montadora informou que os funcionários do turno da noite (23h-5h) estão "mobilizados" para irem trabalhar nesta terça-feira, 24, caso a situação das rodovias melhorem ao longo do dia. A empresa não descarta ter que dispensar os colaboradores novamente nessa quarta, 25.
 
Paraná
 
A paralisação de caminhoneiros, responsável pelo bloqueio de 37 pontos no interior do Paraná, pode aumentar o desabastecimento que já começa a ser sentido nas cidades de Pato Branco, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão e em Foz do Iguaçu (PR). Nessas áreas, há denúncias de que alguns locais estão vendendo o litro da gasolina a R$ 5,00. Por causa da greve, os produtores também estão alertas com o risco de cargas perecíveis, congelados e hortifrutigranjeiros também serem perdidos. Em Santo Antônio do Sudoeste as aulas foram suspensas por causa da falta de combustível. Ainda não há um cálculo sobre o total dos prejuízos.
 
O Porto de Paranaguá é um reflexo da paralisação. De um total de 900 caminhões que deveriam chegar até o local para descarregar, apenas 45 chegaram e a previsão para os próximos dias seria de 1.600 caminhões, o que não deve ocorrer. Em Foz do Iguaçu, as autoridades colocaram em prática um plano de emergência para evitar a falta de combustíveis, no caso do aeroporto, a Infraero colocou em execução um plano de contingência.
 
Em entrevista à Rádio CBN, o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Valter Venson, disse que "a preocupação é que a falta de álcool, diesel e gasolina, além de prejudicar os usuários, possa interferir na segurança pública, uma vez que ambulâncias e viaturas policiais podem ficar paradas".
 
O sindicato também alertou para o perigo desses caminhões, carregados com produto inflamável, ficarem estacionados na beira das estradas por muito tempo.
 
Entre os motivos para a greve estão a diminuição do valor do combustível, criação de uma tabela única para o preço do frete, obras de melhorias nas rodovias, alterações na Lei dos caminhoneiros e isenção de pedágios para eixos suspensos.
 
Mato Grosso do Sul
 
O Estado do Mato Grosso do Sul tem seis trechos de rodovias federais fechadas por caminhoneiros nesta terça-feira, 24. Este é o quarto dia de protesto da categoria em MS. A rodovia mais afetada é a BR-163, que corta o Estado de norte a sul e tem pouco mais de 800 km. Nela, quatro trechos estão bloqueados.
 
Os locais que foram fechados pelo protesto são: o km 614, em São Gabriel do Oeste, e os kms 465, 256 e 271, todos em Dourados, a segunda maior cidade de MS. A região é de tráfego intenso e tem grande movimentação agrícola e pecuária. A BR-163, conhecida como rodovia da morte, está sob responsabilidade da iniciativa privada desde outubro de 2014.
 
Os outros dois trechos bloqueados são o km 7 da rodovia 463 em Ponta Porã, no trevo que dá acesso ao município de Laguna Carapã e o km 320 da BR-262, em Campo Grande, no trevo que dá acesso ao complexo penitenciário estadual.
 
O objetivo da categoria, conforme o Sindicato dos Caminhoneiros, é ampliar os pontos de protesto em Campo Grande, capital do Estado. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado de Mato Grosso do Sul (Sindicam/MS), Osni Carlos Belinati, diz que há mais três locais considerados estratégicos que serão fechados ainda hoje.