A progressão continuada – sistema que elimina a repetência na rede pública de ensino –, da maneira que vem sendo aplicada, continua causando transtornos nas escolas. É quase um consenso entre educadores que o fim da reprovação evita a expulsão definitiva da escola de crianças com dificuldades de aprendizagem. Mas os pais reclamam ao ver os filhos aprovados mesmo quando apresentam deficiências na leitura, na escrita e para fazer as quatro operações aritméticas. Professores protestam e alegam a perda de autoridade na sala de aula. Dizem que os alunos não querem estudar porque já sabem que passarão de ano. Diante da polêmica, o deputado estadual Carlinhos Almeida, do PT de São Paulo, apresentou um projeto de lei que suspende a progressão continuada e a forma de avaliação na rede de ensino fundamental do Estado. O deputado quer a formação de uma comissão com representantes da USP, Unesp e Unicamp e de entidades como o Sindicato dos Professores do Estado para avaliar o sistema e propor mudanças.

Almeida decidiu apresentar o projeto depois de ler a reportagem de ISTOÉ “Ensino reprovado”, publicada em maio do ano passado, sobre a situação de alunos de sexta e sétima séries do ensino fundamental da periferia de São Paulo que não sabiam ler e escrever. “Não sou contra a progressão, mas o sistema foi implantado no Estado sem diálogo com as partes interessadas”, diz Almeida. O secretário-adjunto de Educação do Estado, Hubert Alqueres, considera a proposta oportunista. “O primeiro a adotar a progressão em São Paulo foi o educador Paulo Freire, na gestão de Luiza Erundina em São Paulo, sem as medidas que nós implantamos, como as cinco horas de aula, o horário de trabalho pedagógico e a recuperação nas férias. E o PT acaba de adotar a progressão em Guarulhos, sem esses complementos”, rebate.


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