Produção de R$ 3,2 milhões, elenco global e uma boa história com acabamento de primeira. O que, então, estaria errado no filme de estréia de Flávio Tambellini, baseado no romance de Rubem Fonseca, que co-assina o roteiro e deu seu aval silencioso à adaptação? Em primeiro lugar, apesar de toda a limpeza do texto, os diálogos soam pouco coloquiais. Não bastasse o resquício literário, os personagens parecem viver num universo à parte, longe do mundo real. Nesta história de tons falsos, o fiscal de seguros Ivan Canabrava (José Mayer) perde a mulher e o emprego ao desvendar um golpe envolvendo veneno de sapo da espécie bufo. Depois de transformar-se em escritor de prestígio, enreda-se como suspeito da morte da amante milionária Delfina Delamare (Maitê Proença) e passa a ser investigado pelo inspetor Guedes (Tony Ramos em ótima interpretação). No livro funciona, mas na tela virou um ensaio pretensioso e estiloso em que falta justamente o sangue vital. (Ivan Claudio)
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