O número expressivo de armas apreendidas em roubos e homicídios no País mostra que o governo precisa apertar o cerco em torno desse mercado no Brasil. Uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Sou da Paz em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo constatou que 38% das armas rastreadas na capital paulista foram vendidas legalmente e depois desviadas. Isso mostra a necessidade de uma fiscalização mais intensa sobre o armamento que está sob controle da polícia e nas mãos dos cidadãos e de empresas de segurança privada. De outro lado, o estudo revelou que é impossível detectar a origem de mais da metade das armas por conta do número do registro apagado. “Descobrir a origem é fundamental para que possamos definir estratégias que antecipem a entrada do armamento em circulação, ajudando a reduzir o número de crimes”, diz Márcio Fernando Elias Rosa, procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo. Segundo ele, essa falta de identificação prejudica o esclarecimento de crimes, o reconhecimento dos traficantes de material bélico e gera impunidade.

ARMAS-01-IE.jpg
CAI O MITO
O levantamento revela que apenas 2% do armamento
capturado com criminosos foi fabricado no Exterior

“É preciso ter um diagnóstico mais preciso sobre o caminho que as armas percorrem”, acrescenta Bruno Langeani, do Instituto Sou da Paz. O primeiro passo para um rastreamento mais qualificado por parte da polícia, segundo ele, seria a criação de outros mecanismos de marcação de armas. “Alguns países estão colocando chips nelas para ajudar no esclarecimento de crimes e identificar o trajeto que percorrem”, conta. Um mito que a pesquisa derruba é que boa parte do armamento dos criminosos é fabricada no Exterior e entra pela fronteira. O levantamento mostrou que apenas 2% das armas apreendidas em roubos e homicídios têm origem internacional. “Os governantes costumam dizer que elas vêm de países como Paraguai, mas mais de 90% dos revólveres e pistolas analisadas são nacionais.”

Foto: MARCELLO CASAL JR/AG. BRASIL